MAMÃE CRINGE? Corta essa!

Para ler ouvindo: Cananéia, Iguape e Ilha Comprida – Emicida

 

Você sabe o que é cringe? Se não, isso já basta para que a palavra te represente perante a internet e os novinhos da geração Z (nascidos entre 1995 e 2010). Como boa millennial da Y, nascida entre 1980 e 1995, a esta altura da coluna minha cabeça já entrou em parafuso – traduzindo a expressão trazida dos velhos X ‘s, que chegaram neste mundo entre as décadas de 1960 e 1980, significa dizer que estou confusa.

Eu entrei na brincadeira no Instagram, confesso. Fiz um teste qualquer e comprovei meus níveis de breguice e vergonha alheia fazendo jus à definição do novo termo cool… Aproveitando, misturar inglês e português na frase é coisa de careta, de quem assistiu a novela Império ou de quem é publicitário e trabalha em agência? Essa fica pra uma próxima.

Se diante dos jovens da Z eu sou cafona, ultrapassada e fora de moda, aqui em casa meu pequeno grande ser humano incrível da geração ALPHA – de 2010 pra cá, a primeira 100% digital, cof cof – não concorda. Para ele, eu posso até falar “boleto” e “litrão”, além de me considerar roqueira, amar café (e café da manhã), usar “rs” para rir e hashtags nas fotos, ah, e claro, não conhecer/gostar dos trend do TikTok. Mas sou a mamãe, cara!

Eu caço monstros, desbravo florestas encantadas e faço o medo correr de medo. Sou colo, proteção, aconchego. Tenho procuração da coragem. Atuo como referência. Compartilho ensinamentos. Lido com disciplina de forma positiva. Combato preconceitos. Tenho amor que não cabe e transborda. Quem te falou isso? A mamãe. Pra quem você pode perguntar? Pra minha mãe, ué. Pega essa internet! Você pode até ser durona (estou falando com a rede agora), mas quem ainda domina o rolê por aqui sou eu. Reparem que estou me esforçando para usar frases de efeito assumindo os julgamentos de vocês. Se bem que acredito na generosidade do meu querido leitor.

A bem da verdade e brincadeiras à parte (ou nem tanto), o fato é que nesta tal “guerra geracional” temos lidado com questões muito mais complexas do que sapatilhas de ponta redonda e filmes do Harry Potter: terra plana, virar jacaré ao tomar vacina e outras sandices que circulam por aí disputas geracionais à parte (pra ser idiota não estão levando em conta nada disso). Na realidade, o melhor mesmo seria todos se unirem para combater a cretinice, o saudosismo tóxico e a desinformação generalizada antes que se tornem crônicos e incuráveis. Apesar da intenção voltada ao entretenimento, qualquer coisa que comece com  “guerra” me causa calafrios.

Por aqui, estou gerando uma menina que segundo consta será da geração Covid (nascida na pandemia). E minha única preocupação é que ela não precise lidar com rótulos tão cedo, que tenha um irmão seguro de si e que não se abale com qualquer modinha tendenciosa ao abrir o computador e, principalmente, que ambos possam viver num país onde o negacionismo tenha ficado de uma vez por todas no passado vergonhoso que encaramos (especialmente desde 2018).

Até a próxima!

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