Felicidade é uma habilidade que pode e deve ser aprendida

Muito se fala sobre felicidade, tema especialmente desafiador no ambiente corporativo. A pesquisa de Fredy Machado para o livro “É possível se reinventar e integrar a vida pessoal e profissional”, com mais de 300 colaboradores brasileiros, mostra que cerca de 90% das pessoas estão infelizes em seus empregos. Desse percentual, 36,52% estão infelizes com o trabalho que exercem e 64,24% gostariam de fazer algo diferente para serem mais felizes. “A boa notícia é que felicidade é uma habilidade que pode ser aprendida”, diz  Flávia da Veiga, fundadora da startup BeHappier e criadora da metodologia da Publicidade Positiva. Convidada para a live “Felicidade no mundo do trabalho”, Flávia garante que é possível trabalhar e ser feliz enquanto se trabalha e não apenas nos momentos de lazer, nas férias ou no happy hour com os amigos. 

“O estudo revela uma realidade preocupante e a Flávia nos mostra que é possível e urgente fazer algo para mudar esse cenário”, alerta Adriana Karam, presidente do Grupo Educacional Opet e reitora do UniOpet, que tem tradição em trabalhar educação com foco no mercado de trabalho e promoveu o bate-papo em seu canal no YouTube.

Durante a conversa, a especialista destacou que as pessoas associam trabalho a sofrimento e costumam acreditar que os momentos felizes são raros, reservados a outros ambientes. “Todos os anos a Organização das Nações Unidas (ONU) produz um relatório sobre felicidade. Desde 2012 os índices de satisfação vêm caindo, mesmo com a ampliação do acesso à moradia, saúde e tecnologia. Mais de 350 milhões de pessoas sofrem com a depressão no mundo todo. Por isso, felicidade é uma meta global da ONU.”

Felicidade passou a ser tema de interesse econômico, político e de saúde pública. Estudos apontam que pessoas felizes têm mais chance de obter sucesso em diversas áreas da vida. Além de garantir mais saúde e uma vida mais longa. Também são sociáveis, têm mais amigos, melhores casamentos e relacionamentos e são mais produtivas. “Pessoas felizes têm mais chance de obter sucesso profissional. São resilientes, colaborativas, criativas e inovadoras. Por isso, investir em felicidade é tão importante.”

A especialista explica que felicidade não é um ponto a se atingir, mas sim o trajeto. “Ser feliz significa estar na sua melhor capacidade, no seu estado ideal. As pessoas se acostumaram a não estar bem e acreditam que esse é o padrão.” Flávia lembra que somos essencialmente felizes e que praticar isso significa resgatar a essência humana.

O primeiro passo é entender que a felicidade é diferente da alegria e da euforia, que são emoções passageiras. No mesmo dia é possível sentir diferentes emoções. Ninguém é alegre ou triste o tempo inteiro. A felicidade é um estado de ser. “A ciência aponta que 50% da felicidade vêm pela genética, 10% são previstos pelas circunstâncias da vida e 40% são responsabilidade de cada um, ou seja, das nossas atitudes e das atividades intencionais que escolhemos praticar no dia a dia. Cada um de nós é responsável pela própria felicidade e isso não pode ser atribuído a outra pessoa.”

As pessoas tendem a terceirizar a felicidade. Culpam outras pessoas ou situações pela sua própria infelicidade. “É fundamental que se tenha um propósito, uma vida com significados. Devemos construir uma história da qual iremos nos orgulhar no futuro. Precisamos buscar fazer a diferença e, assim, ter uma vida que vale a pena ser vivida. E o resultado disso será percebido no dia a dia, quando as emoções positivas passarão a ser mais frequentes do que as negativas”, aconselha.

Cada um tem a liberdade de entender como funciona o seu próprio cérebro. “Tem que sair da visão de escravo da circunstância, ou seja, deixar de acreditar que somos o que nos acontece. A partir daí a gente deixa de ser escravo do destino e das circunstâncias e se torna protagonista. Isso requer um esforço consciente. Temos a liberdade de viver o que escolhemos nos tornar. Não é fácil. Temos que deixar de atribuir nossa felicidade aos outros e assumir responsabilidades com essa liberdade. A felicidade é reservada para quem a cultiva.”

Flávia da Veiga ensina os princípios da felicidade e dá dicas práticas para ser feliz. A live completa está disponível no youtube do UniOpet pelo link https://www.youtube.com/watch?v=07JcRR-ZWl8 

Princípios da felicidade

  1. Maestria da mente – a forma como o cérebro interpreta o acontecimento. Nosso cérebro tem capacidade de captar no ambiente todas as ameaças. Perceber tudo que é negativo. A gente tem dificuldade de perceber e de armazenar o que é positivo. O cérebro faz isso para nos proteger e ajudar na sobrevivência. Nosso cérebro é um órgão que aprende. Nossas atitudes são capazes de esculpir novas conexões. 

  2. Amor – é a importância de criar laços, conexões com outras pessoas. E ainda amor próprio. Se aceitar como é. Mesmo nossa melhor versão tem suas limitações. 

  3. Viver no presente – estudos mostram que em 50% do tempo nosso cérebro está em outro lugar remoendo passado ou sonhando com o futuro. É preciso vivenciar o presente.

  4. Espiritualidade – necessidade humana pela busca por transcender. Ter valores como compaixão, perdão e fé.

  5. Significado – ter propósito na vida. Como posso servir? Construir um histórico do qual vou me orgulhar? Fazer a diferença.

Praticando felicidade

Flávia da Veiga garante que ser feliz é simples, mas exige dedicação diária. Ela dá dicas práticas  de coisas que devem ser feitas de forma intencional até que se tornem um hábito:

  • Gratidão – É a capacidade de enxergar as coisas boas que acontecem na própria vida. O cérebro tende sempre a enxergar o negativo, como um mecanismo de defesa, portanto essa é a primeira dica para encontrar a felicidade. Para auxiliar nesse processo, Flávia aconselha escrever diariamente três coisas diferentes que aconteceram e pelas quais você é grato. “Com essa atitude, logo começamos a perceber a gratidão em pequenas coisas. Ela está na forma como enxergamos os fatos. No início é difícil, depois é um processo automático.”
  • Gentileza – São os pequenos atos de bondade, a capacidade de fazer o bem. Isso ativa no cérebro sistemas de recompensa, que geram a sensação de felicidade.
  • Metas – Traçar metas é importante para sentir que está crescendo, evoluindo e entender onde quer chegar. “Trace metas menores e maiores e celebre cada meta alcançada.”
  • Conexão – Estabelecer e cultivar relações saudáveis. Se conectar com outras pessoas e alimentar essas conexões com pequenas atitudes que fazem a diferença. “Telefone para o seu amigo, convide alguém para um café, lembre desses relacionamentos e os mantenha ativos.”
  • Exercício físico – Não significa ir para a academia, mas manter o corpo em movimento. 
  • Meditação – É a capacidade de se conectar com si próprio. Estar presente no aqui e agora e olhar de fora as situações, como um observador. Viver num estado de atenção plena.

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