Psicóloga lista características que ajudam a diagnosticar o Transtorno de Borderline
O Transtorno de Personalidade Borderline virou tema de novas discussões após a participação da modelo Raissa Barbosa no reality ‘A Fazenda’, da Record. Diagnosticada com o transtorno antes mesmo de se confinar na atração, Raissa acabou recebendo recentemente outro diagnóstico, o de depressão, que veio após ela sofrer com uma forte crise de ansiedade em casa sozinha. A modelo chegou a ser socorrida na emergência, após machucar a própria mão durante a crise que a acometeu.
A psicóloga Maria Rafart fala sobre como é a personalidade Borderline. “No Transtorno de Personalidade Borderline, quem sofre também causa muito sofrimento. Todos nós temos nossa personalidade, e para a Psicologia, possuir uma personalidade íntegra quer dizer que interagimos de forma saudável com quem nós somos e com o mundo ao redor. É um misto de compreender a si mesmo como um ser único, com fronteiras claras entre si e o outro, saber o próprio valor, direcionar-se com seus objetivos de curto prazo com coerência, junto com a compreensão de quem é o outro, apreciar as experiências alheias e ter vínculos saudáveis com terceiros”.
A profissional ainda cita como diagnosticar este tipo de transtorno. “Os critérios para este diagnóstico devem ser muito bem observados por profissionais da Psicologia e Psiquiatria, para que não haja confusão com os transtornos que o uso de substância causam, ou confusão com a fragilidade típica do período da adolescência, por exemplo. O Transtorno de Personalidade Borderline tem as seguintes características: você encontra uma pessoa que tem uma autoimagem muito instável (ou seja, ela oscila muito entre ‘se achar’ ou se sentir a pior das pessoas); pode ser instável também em seus objetivos, o que a transforma naquela pessoa ‘que não sabe o que quer’, ou ‘que muda de plano como quem muda de roupa'”.
Sobre relacionamentos de quem sofre com o transtorno, Maria Rafart explica. “O Borderline pode se relacionar também de forma instável, ora amando, ora odiando, ora sentindo-se desvalorizado, ora carente e implorando por atenção. A cereja do bolo do transtorno de personalidade borderline é a sua impulsividade: a pessoa pode se expor a riscos dos mais variados, ser hostil demais, e ser muito explosiva. É como se a pessoa não fosse muito ‘adaptada’ ao mundo. Daí o termo ‘border’, que quer dizer limite, fronteira. O borderline oscila entre o mundo real e um mundo imaginário muito persecutório. Pode sentir uma sensação de grande vazio interior. Pode ainda ter explosões de estresse, caso se sinta provocada ou injustiçada. Pode mudar de opinião e direcionamento profissional com muita frequência, o que causa mais frustração ainda, em fases cíclicas”.
A carência costuma gerar muito estresse em pessoas com borderline. “O borderline não entende muito o outro, pois na maior parte das vezes está preocupado com as injustiças que ele acha que o outro comete. É uma pessoa que implora por carinho, às vezes de um jeito brusco. Quando não consegue o que quer, entra em grande conflito. A carência do borderline faz com que ele tenha medo de ser abandonado, e esteja sempre prevendo o pior nos seus relacionamentos. Causa tanto estresse com isso, que os relacionamentos realmente acabam, pela sua própria insegurança de separação”.
“Os sentimentos de raiva são mal processados pelo borderline, e ele pode ser muito hostil e facilmente irritável. Há prováveis causas genéticas que podem ser acentuadas pelo comportamento, e por isso, a indicação e de acompanhamento psiquiátrico para medicação adequada a alguns sintomas, como ansiedade, e terapia, onde o paciente pode trabalhar melhor a sua tolerância à frustração e a sua noção de realidade”, finaliza a psicóloga.