Psicóloga fala sobre Síndrome da Gaiola e como ela está impedindo jovens de saírem de casa
A pandemia da Covid-19 trouxe consigo novos hábitos, comportamentos e sentimentos que a população não estava familiarizada. Uso de máscaras, álcool, limpeza de compras, lavagem de mãos a todo o momento e o isolamento e distanciamento social se tornaram regras globais.
Entretanto, embora todo o mundo deva seguir as mesmas normas, as pessoas estão lidando com elas de formas diferentes. “Enquanto algunsestão se dando bem com o distanciamento, outros já desenvolveram muitos sentimentos negativos quanto à falta de interação”, explica a psicóloga Patrícia Lenine, “Além disso, também houve o desenvolvimento do medo dessa interação, do receio de voltar a conviver em sociedade e não saber como lidar com o novo mundo”, completa.
Para os jovens, a situação atual está fazendo mais efeito, já que estão em épocas da vida em que, normalmente, querem sair, ir às festas, se divertir e viajar. Entretanto, embora haja a vontade de viver da porta para fora, muitos desenvolveram a denominada “Síndrome da Gaiola”. “Chamamos este distúrbio assim como forma de associar às aves que, mesmo quando têm a oportunidade de saírem por ter sua gaiola aberta, não se livram do ambiente por medo do que tem lá fora”, conta a psicóloga Christiane Valle.
A partir deste medo, as psicólogas explicam que o desenvolvimento de ansiedade, depressão e TOC são mais propensos, o que os motiva ainda mais a ficarem dentro de casa. Os transtornos psicológicos estão cada vez maiores dentre os adolescentes. Apenas no Brasil, 26% dos 7 mil jovens entrevistados pelo Instituto de Psiquiatria da USP foram diagnosticados com ansiedade e depressão.
“Por isso, mais do que nunca, este momento pede que pais, responsáveis e escola se comuniquem com frequência quanto aos cuidados dos alunos, além de estarem sempre presentes para auxiliá-los neste período tão difícil”, fala Patrícia. A psicóloga Chistiane completa dizendo que, “além de todo o apoio familiar e educacional, as crianças e adolescentes necessitam de acompanhamento psicológico, mesmo aqueles que não demonstram nenhum sinal claro de algum transtorno”.