Revolução Poética: as utopias como forças transformadoras da realidade

As utopias como forças capazes de romper as barreiras da desigualdade social, abrindo caminho para a realização de sonhos, para muitos, impossíveis. Estes são alguns dos temas a serem abordados pelo escritor Alexandre Ribeiro na próxima segunda-feira, 26 de abril, segundo dia da programação do projeto “Revolução Poética – Festival de Ideias”, promovido pela Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto.

Mais do que a teoria, Alexandre, de 22 anos, conhece bem este caminho na prática. Como foi possível sair da realidade de uma favela brasileira e chegar até uma bolsa de estudos em uma faculdade alemã? “Utopias são realizadas através de muito amor, de oportunidades e de autoconhecimento. Minha fala busca, através da história de um simples moleque favelado, semear o nosso maior poder de subversão em tempos caóticos: o poder de sonhar”, adianta o escritor.

Cria da Favela da Torre, em Diadema, na Grande São Paulo, Alexandre começou a trabalhar cedo, mas nunca deixou de lado o gosto pela leitura e pela escrita. Paralelo à rotina de limpeza em um hotel, produzia seus textos para vender nas ruas. Editava fanzines de poesia, vendia CDs de rappers nas ruas, consumia e produzia cultura da periferia. Em 2018, lançou o livro “Reservado”. No mesmo ano, ganhou uma bolsa para realizar um trabalho social pedagógico na Alemanha, onde vive e segue escrevendo seus textos. “Não me basta acreditar em minhas próprias utopias. Eu luto para que minha trajetória não seja uma exceção, mas também uma história inspiradora para os meus iguais”, comenta.

Para discutir o tema “A utopia realizada” junto ao escritor, irão compor o debate a Mestre de Cerimônias da noite, superintendente da Fundação do Livro e Leitura e Produtora Cultural, Viviane Mendonça, a psicóloga e professora Ana Elídia Torres, a atriz e contadora de história Tânia Alonso, e Larissa Aires, participante do projeto NAU, uma iniciativa do Instituto SEB para apoiar jovens na conquista de um emprego.

Abrindo a noite, às 19 horas, antes da fala de Alexandre Ribeiro, será realizada a contação da história do livro “Cidade das Mulheres”, de Cristina Pisano, pela atriz e contadora Tânia Alonso, trazendo assuntos históricos e contemporâneos sobre as violências e opressões que as mulheres podem sofrer socialmente. A apresentação será acompanhada por uma trilha sonora ao vivo da artista Thais Foresto (Floresthá). “A intenção com nossas escolhas é juntar os estilos de músicas feitos na época do livro (idade média) com a tecnologia, para realizar uma releitura que dialogue com nosso tempo. Será a união de linguagens artísticas em prol da discussão sobre a temática da opressão ao feminino”, explica Floresthá.

A maior das utopias

Às 21h, será a vez de De Lucca Circus fazer uma apresentação circense nomeada “Devaneios”, que, por si só, acaba proporcionando uma reflexão utópica: “o que é um palhaço, equilibrista e malabarista, senão um ser utópico por natureza, que passa parte de sua vida se equilibrando em um arame, brigando com a gravidade e buscando as melhores inspirações para fazer o público sorrir?”, questiona o ator e artista circense Lucas Santarosa, que dá vida ao espetáculo.

Logo em seguida, será a vez da economista e doutora em sociologia Manuela Salau Brasil, apresentar sua visão sobre o tema “A maior das utopias”, com base no pensamento do teórico alemão Ernst Bloch, que trabalha o conceito da utopia concreta. “Bloch admite que a utopia tem um caráter fantasioso, até mesmo ingênuo. Trata-se da utopia abstrata, que habita o plano da fantasia. Mas, além desta, existe a utopia concreta, que é própria da ação, movida pela esperança, pela imaginação, pelos sonhos e pela ação humana”, explica Manuela, que traz como exemplo o campo da economia solidária, um movimento que já existe, que passou da fase da utopia abstrata, mas ainda não é algo acabado. “Ela está em movimento, em realização, algo que é próprio da utopia concreta, mas já tem resultados bem-sucedidos. O grande exercício é olhar esta utopia, fortalecer e vitalizar este movimento que, ao mesmo tempo, é prática e projeto em construção”, completa a pesquisadora.

Para compor o debate com Manuela Salau Brasil, estarão presentes a Mestre de Cerimônias da noite, Viviane Mendonça, a cientista política Marília Migliorini, o ator e artista circense Lucas Santarosa, e Pedro Augusto, jovem participante do projeto NAU.

 

Revolução Poética

O evento “Revolução Poética – Festival de Ideias” será realizado entre 25 e 27 de abril, das 19 às 23 horas, no Instituto SEB – A Fábrica. O evento terá transmissão on-line, sem público presencial. Os palestrantes, assim como os espectadores, estarão em suas casas, participando e acompanhando virtualmente.

O projeto tem em sua base as ideias e reflexões do antropólogo, filósofo e sociólogo francês Edgar Morin, homenageado especial da 20º edição da FIL – Feira Internacional do Livro, que será realizada em agosto.

O “Revolução Poética – Festival de Ideias” foi contemplado pelo edital ProAc Expresso LAB 40/2020 criado através da Lei Aldir Blanc. Trata-se de um projeto realizado pelo Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Instituto SEB e Fundação do Livro e Leitura de Ribeirão Preto.

 

SERVIÇO

O que: “Revolução Poética – Festival de Ideias”

Data: 25 a 27 de abril de 2021

Horário: 19h às 23h

Transmissão: www.fundacaodolivroeleiturarp.com e nos seus canais nas redes sociais.

 

Programação completa:

25 de abril – domingo

Tema: “Sobre as velhas utopias”

– Documentário “Pioneira Luta”, de Leo Otero | a partir das 19h

– Debate sobre o tema com Philip Fearnside (ecólogo) | a partir das 19h30

– Mestre de Cerimônia e debatedora: Dulce Neves

– Debatedores: Marcela Cury Petenusci, Daniel Bellissimo e Isabela Luciano.

Tema: “Sobre as novas utopias”

– “Conglomerados utópicos, distópicas paisagens”, com Academia Livre de Música e Artes – Alma | a partir das 21h

 Debate sobre o tema com Zuenir Ventura (jornalista e escritor) | a partir das 21h30

– Mestre de Cerimônia e debatedora: Dulce Neves

Debatedores: Yara Racy, Dr. Marcos Câmara de Castro (Prof. Dr. pela USP representando o convênio USP – Alma) e Rhaianne Aguiar.

 

26 de abril – segunda-feira

Tema: “A utopia realizada”

– “Cidade das Mulheres”, com Tânia Alonso e Thais Foresto (contadoras de histórias) | a partir das 19h

– Debate sobre o tema com Alexandre Ribeiro (escritor) | a partir das 19h30

– Mestre de Cerimônia e debatedora: Viviane Mendonça

– Debatedores: Ana Elídia Torres, Tânia Alonso e Larissa Aires.

 

Tema: “A maior das utopias”

– “Devaneios”, com De Lucca Circus | a partir das 21h

– Debate sobre o tema com Manuela Salau Brasil (coordenadora técnica da IESol/UEPG) | a partir das 21h30

– Mestre de Cerimônia e debatedora: Viviane Mendonça

– Debatedores: Marília Migliorini, Lucas Santarosa e Pedro Augusto.

 

27 de abril – terça-feira

Tema: “Necessidades poéticas do ser humano – Utopia?”

 “Vozes Bússolas: Poesia como arte do risco”, com Coletiva de Rua Sarau DisseMinas e Ni Brisant (educador e escritor) | a partir das 19h

 Debate sobre o tema com Alfredo Pena-Vega (sociólogo, professor e pesquisador do Centre Edgar Morin) | a partir das 19h30

– Mestre de Cerimônia e debatedora: Adriana Silva

– Debatedores: Maria de Fatima Costa Mattos, Ni Brisant e Brenda Falcão.

 

Tema: “Por uma outra globalização – Entre utopias e distopias”

 “Do lado de cá”, com Leser MC (músico e produtor cultural) | a partir das 21h

 Debate sobre o tema com Maria Adélia de Souza (professora universitária e geógrafa) | a partir das 21h30

– Mestre de Cerimônia e debatedora: Adriana Silva

– Debatedores: João Flávio de Almeida, Elieser Pereira e Mikael Alerrandro.

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