Úlcera Venosa: uma ferida que tem solução se tratada corretamente
As úlceras venosas, também conhecidas como varicosas, são lesões nas pernas ocasionadas pela deficiente circulação sanguínea na região. São processos infecciosos em conjunto que levam à não cicatrização e podem causar grande desconforto para os pacientes, correspondendo a 80% dos tipos de feridas que acometem pernas e pés. O problema ocorre devido a essa deficiente circulação sanguínea nos membros inferiores, que faz com que o sangue fique estagnado e sem oxigenação adequada, causando o surgimento da ferida. O diagnóstico é clínico e os sintomas são inchaço, coceira, varizes, escurecimento da coloração da pele e sensação de cansaço nas pernas.
No Brasil, apesar de ser comum, não há dados robustos que comprovem a incidência da doença. Contudo, estima-se que cerca de 1% da população geral tenha úlcera venosa. Também está documentado que 10% da população na Europa e na América do Norte tenham algum comprometimento venoso, sendo que 0,2% desses indivíduos acabam desenvolvendo úlcera venosa . E a ulceração venosa recorrente ocorre em até 70% das pessoas em risco.
A úlcera venosa acomete, principalmente, sedentários, obesos, fumantes e pessoas que passam muito tempo em pé ou sentadas. Por conta do aumento da pressão nas veias de pessoas com esse perfil, o sangue fica estagnado em uma parte do membro e, com a pele fragilizada, qualquer pequeno trauma pode resultar em lesão e evoluir para a condição crônica da úlcera.
Segundo o cirurgião vascular, Dr. Fabio Sotelo, esse tipo de lesão é bastante comum em pessoas que, há anos, possuem varizes e não procuram tratamento. Além das pernas, a úlcera venosa também pode surgir nos pés, dificultando ainda mais a cicatrização. Por isso, se não tratadas da forma correta desde o início, podem aumentar de tamanho e infeccionar.
As pessoas que convivem com essa ferida enfrentam grandes mudanças em suas rotinas, com a necessidade de adotar novos hábitos de higiene e de estilo de vida. “Esse tipo de comorbidade implica em sérias mudanças no comportamento dos pacientes, como movimentos, limpeza e proteção da ferida. São lesões dolorosas às vezes, de difícil cicatrização e que impactam na qualidade de vida da pessoa”, reforça.
O especialista ressalta que a cicatrização é possível se o paciente não tratar apenas a ferida, mas também a causa da lesão. “O controle adequado dos fatores que desencadearam a úlcera venosa é primordial para adoção de uma metodologia terapêutica assertiva e eficaz. Esse cuidado vai além da úlcera. É preciso uma investigação apurada sobre a causa e comorbidades associadas que contribuem para uma piora ou surgimento de novas feridas”, afirma o cirurgião.
Assim que identificado o problema vascular, é essencial que haja o acompanhamento de um médico angiologista. Para melhorar o retorno do sangue, é importante associar o tratamento tópico da ferida a repouso com as pernas elevadas e elastocompressão, com o uso de meias ou bandagens elásticas compressivas. “Atualmente, graças aos avanços nessa terapia, é possível contar com dispositivos que permitem a cicatrização e promovem mais qualidade de vida para esses pacientes. No entanto, os resultados positivos estão diretamente relacionados a protocolos que aceleram a recuperação e resposta do organismo. Aliado ao tratamento da úlcera, é essencial cuidar da hipertensão venosa para evitar o surgimento de novas úlceras”, finaliza Dr. Sotelo.