Os impactos do aumento no consumo de álcool e cigarro na saúde mental do brasileiro
Em todo o mundo, chama a atenção o fato de que, em casa e sem poder sair, as pessoas passaram a beber e a fumar mais. Segundo a pesquisa “Uso de Álcool e Covid-19”, publicada pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) – feita entre 22 de maio e 30 de junho de 2020 com mais de 12 mil pessoas de 33 países da América Latina e Caribe (30,8% eram brasileiros), 35% dos entrevistados com idades entre 30 e 39 anos relataram aumento na frequência de um comportamento chamado de Beber Pesado Episódico (BPE), que significa beber mais do que 1,7 litro de cerveja, 750 mililitros (ml) de vinho ou 225 ml de destilado em uma única ocasião.
Do total, 52,8% dos entrevistados que exageraram na dose relataram ao menos um sintoma emocional como ansiedade, nervosismo, insônia, preocupação, medo, irritabilidade e dificuldade para relaxar.
Além disso, segundo pesquisa da Fiocruz, 34% dos fumantes brasileiros declararam ter aumentado o número de cigarros fumados ao dia durante a pandemia. Ainda segundo o estudo, esse aumento está totalmente associado à deterioração da saúde mental dos tabagistas, com piora de quadros de ansiedade, insônia e depressão.
“Não temos, no curto prazo, uma previsão de quando o isolamento social poderá ter um relaxamento consistente, então o consumo de álcool e o uso do cigarro tendem a aumentar, pois isso reflete ansiedade. As pessoas estão estressadas e deprimidas, o “beber socialmente” virou “beber frequentemente”, e o aumento no uso de cigarros é uma preocupação importante também, principalmente se considerarmos que passamos por uma pandemia em que justamente o sistema respiratório é o mais delicado”, afirma o doutor Kalil Duailibi, psiquiatra e professor do curso de Medicina da Universidade Santo Amaro – Unisa.
“É importante que as pessoas prestem atenção a si mesmas e entendam o que exatamente as faz beber e fumar mais. A partir disso, procurar ajuda profissional é fundamental, principalmente porque provavelmente teremos que lidar com mais um ano de isolamento”, destaca o médico.