Retomada dos exercícios depois da Covid-19 exige cuidados especiais
Conviver com a fadiga mesmo depois de curado pela infecção da covid-19 é uma realidade para parte das pessoas que adoeceram pelo contato com o vírus. Segundo os resultados preliminares de uma pesquisa da USP, 64% dos pacientes acompanhados pela Instituição relatam a persistência de algum incômodo por um período de seis meses depois de curados da Covid-19. Entre os principais, está a fadiga.
“Este sintoma, comum tanto durante a infecção como posteriormente à recuperação, deve ser investigado principalmente por quem pretende retomar a atividade física. A covid-19 pode acarretar repercussões no coração, no pulmão e no músculo, que são à base do funcionamento do organismo durante o exercício. Uma alteração nestes órgãos pode ser fatal em esforços moderados e de alta intensidade”, explica a cardiologista infantil e médica do exercício e esporte do Hospital Edmundo Vasconcelos, Silvana Vertematti.
O cuidado vale até mesmo para pacientes que se mostraram assintomáticos durante a infecção. “Os assintomáticos e aqueles que não sabem se tiveram a doença, mas relatam fadiga e cansaço, devem ficar atentos e realizar uma avaliação médica prévia”, explica a especialista. “Todo sintoma deve ser valorizado, independentemente. As alterações elétricas no coração, por exemplo, podem afetar aos pacientes que passaram pela infecção com ou sem sintomas, e desenvolver arritmias durante os exercícios de alta intensidade”, completa a médica.
Outros sintomas que merecem atenção são dores no peito, palpitações e desmaios. “Sabemos que o comprometimento de um paciente assintomático durante a infecção é menor que o registrado pelo paciente que passou por manifestações moderadas ou severas. Por meio de testes clínicos funcionais, monitorização das respostas integradas do coração, pulmão e músculo, conseguimos identificar ou descartar disfunções provocadas pelo vírus”, conclui a especialista.
Como retomar as atividades após a recuperação da covid-19?
- O ideal é que o retorno ocorra de forma periodizada;
- Após a finalização do isolamento e recuperação, por dois dias deve-se apenas fazer atividades leves, como caminhadas por até 15 minutos de duração;
- O próximo estágio é aumentar a cada dia 15 minutos no cronograma de exercício, até chegar 60 minutos no quinto dia;
- A intensidade e complexidade do movimento serão elevadas gradativamente, adicionando aos poucos treinos de força e progressão de cargas;
- Por volta do décimo dia após a fase de isolamento, pode-se retornar ao treino habitual – mas sempre observando sintomas respiratórios e aumento desproporcionais de frequência cardíaca ou outros sintomas.