Lugar de mulher é onde ela quiser

A frase – Lugar de Mulher é onde ela quiser – pode até ser clichê, mas é uma verdade irrefutável nos dias atuais. A história não nos deixa mentir. Muito pelo contrário, ela escancara uma série de injustiças cometidas contra as mulheres ao longo dos séculos. E mesmo que grandes personalidades femininas, como Malala Yousafzai, Oprah Winfrey ou até mesmo a Rainha Marta, ilustrem a importância e o protagonismo feminino no curso atual da humanidade, muitas barreiras ainda precisam ser superadas em pleno século XXI.

A desigualdade de gênero no mercado de trabalho é uma dessas barreiras. Muito embora a mulher esteja cada vez mais presente em espaços antes ocupados majoritariamente pelo sexo masculino, a discrepância entre gêneros é gritante. Segundo dados compilados e divulgados pelo IBGE, por meio da Pnad Contínua, o salário das mulheres é, em média, 22% menor que o dos homens. A diferença sobe para 38% quando há nível superior completo envolvido no comparativo.

A busca por oportunidades também é mais árdua entre elas. A taxa de desemprego entre as mulheres brasileiras no primeiro trimestre de 2020 era 39,4% superior à dos homens. Fora isso, para muitas mulheres a jornada de trabalho não termina com o fim do expediente. Em média, o chamado “sexo frágil” gasta cerca de 21 horas semanais com tarefas domésticas, contra apenas 10h54 minutos do sexo oposto.

Diante de tantas barreiras a serem quebradas, conheça, no Dia Internacional da Mulher, a trajetória de vida de 2 mulheres reais, Beatriz Cury e Meri Maio, fortes, inteligentes e que não tem medo de lutar pelos seu espaço no mercado de trabalho.

Paixão pelo mundo das cervejas artesanais

Nascida em Campinas, interior de São Paulo, Beatriz Cury se apaixonou pelas cervejas artesanais quando o meio ainda era pequeno, pouco falado e em desenvolvimento. Mas a trajetória profissional de Bia não começou pelo universo cervejeiro. Tudo teve início em 2008, quando ingressou no curso de Engenharia de Alimentos da USP, na cidade Pirassununga. Foi ali que deu os primeiros passos de carreira ao conquistar uma vaga de estágio na empresa Mãe Terra Produtos Naturais. Ainda como estudante universitária, também fez parte do programa de desenvolvimento dentro da própria USP, de arrecadação financeira e criação de projetos para Caiçara Rio do Vento, cidade do sertão do Rio Grande do Norte.

Beatriz foi longe e cresceu dentro da Mãe Terra com as vagas assistente e depois como analista na área de suprimentos e desenvolvimento de pequenos produtores da empresa. Mas o interesse pelo mundo das cervejas sempre falou mais alto. Existia grande foco sobre o assunto na vida pessoal e já havia feito cursos de cerveja baseados no processo caseiro e artesanal. O universo conspirou a favor da paixão de Bia e no ano de 2015, conseguiu uma indicação para vaga na área comercial da Cervejaria Nacional, microcervejaria no Bairro de Pinheiros. A imersão no mundo cervejeiro proporcionou na rotina de trabalho proximidade com distribuidores e oportunidades de novos negócios, o que foi um grande aprendizado. Com o tempo assumiu os núcleos de marketing, vendas e estruturou as áreas de eventos, delivery.

Atualmente com 31 anos, Beatriz atua há seis anos na Cervejaria Nacional. É sommelier de cervejas, segue no comando das mesmas áreas e ainda contribui no processo de criação e acompanhamento de novas campanhas. Sobre as dificuldades no mercado de trabalho, Bia ressalta que é a luta por cargos e ter voz, é constante. “As mulheres ainda procuram espaço para serem ouvidas e assumirem cargos de confiança. Em algumas áreas em específico, como a da cerveja, ainda é preciso lutar contra preconceitos, assédio e mostrar que somos capazes. É uma luta constante mas estamos conseguindo mudar”.

Mãe, empresária e sócia de restaurante de sucesso

Meri Maio, de 50 anos, começou a trabalhar muito cedo. Focada e sempre em busca de independência financeira, se movimentou e aos 14 anos, transitou por diferentes profissões como vendedora, secretária, promotora de eventos, entre outras. Na vida acadêmica, estudou até o terceiro ano de economia na Faap (Fundação Armando Alvares Penteado) e em 2018, se aventurou em gastronomia, na escola Accademia Gastronomica do Giuseppe Gerundino, em São Paulo. Curso que diz muito por onde sua carreira cravou o sucesso: atualmente é sócia do prestigiado restaurante By Koji, dentro do estádio do Morumbi.

“Em 2010, conhecemos o Carlos Koji, renomado sushiman, e foi apresentada a oportunidade de abrir um restaurante dentro do estádio do São Paulo Futebol Clube. Eu estava certa que seria uma parceria de sucesso, já que tinha experiência na área administrativa e financeira, e por toda competência gastronômica do Chef.”

Desde 1997, Meri é empresária e atua na área de consultoria administrativa e comercial, assessorando uma empresa de facilities. Já a trajetória no ramo de alimentação começou em 2003, por meio de um sociedade com o marido, Wagner Maio, e seus dois irmãos, voltada para inauguração de um restaurante de quilo. O sucesso foi tão grande e possível investir na compra de mais quatro estabelecimentos diferentes e o Bar Martins, no Jardim Paulista, onde foi sócia e cuidou da área administrativa, até 2012.

Há dez anos como sócia do By Koji, restaurante japonês, Meri se diz realizada, mesmo com todos os obstáculos já enfrentados.  “Realmente não estava errada. É uma parceria que deu muito certo e continuamos em ascensão, mesmo com todas as adversidades enfrentadas neste último ano de pandemia da Covid-19”.

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