Nossos condicionamentos de cada dia
Recentemente, ouvi três pessoas conversando e o assunto girava em torno do quanto elas estavam frustradas com o ritmo de suas vidas. Comentavam das mesmices dos seus dias, da correria, falta de perspectiva, de mudanças, da falta de importância dos episódios de suas vidas e do quanto estavam cansadas de viver desta forma.
Então, me lembrei de um poema de Marina Colassanti, “Eu sei que a gente se acostuma, mas não devia”. Neste poema ela menciona a visão restrita da janela de um apartamento, e por isso não se abre a janela, não vê o sol e se acostuma a não ver a amplitude do mundo. Fala também da correria do dia a dia de se levantar cedo e dormir tarde, assim não vivenciando as delícias de um dia todo.
Refletindo sobre a conversa que ouvi e relacionando com a poesia conclui que estamos condicionados a tudo que nos cerca, até aos sentimentos ruins que nem sabemos de onde vem, pois estão tão enraizados que convivemos com ele e não nos damos conta do que nos causam. Nossos costumes são nossos condicionamentos de cada dia, se eu perguntar a você o que viu hoje em seu trajeto de casa ao trabalho ou a outro caminho que esteja acostumado a fazer, você nem irá lembrar.
“A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto se acostumar.”
Fato é que nos acostumamos com tudo, até mesmo com aquilo que não gostamos, não admiramos ou não concordamos. Criamos hábitos em todas as esferas de nossa vida e nem sempre saudáveis, mas continuamos com o mesmo comportamento, pois acreditamos que algumas situações não são passíveis de mudança. Acreditamos ainda que dependem dos outros, da sociedade, do contexto familiar, do meio acadêmico, do meio empresarial, e assim seguimos o caminho, com insatisfações e frustrações. Isso é fato, mas não nos impede de criarmos novos rumos para nossas vidas. Mas tenho certeza que precisamos tomar consciência do que nos cerca, do que causa algum desconforto.
Espero que este texto faça você parar para pensar um pouco naquilo que você está condicionado e que nem percebe o quanto contribui, ou não, com sua vida.
* Jocely Burda, coordenadora do curso de Psicologia da Estácio Curitiba