Eu sou eu ou eu sou o que querem que eu seja?
Não permitem que a gente seja como quiser… Se emagreço, estou doente. Se engordo, estou desleixada. Passei a adolescência e boa parte da vida adulta ouvindo: Mas você tem um rosto tão bonito, por que não emagrece? As receitas vinham quase que como bula de remédio, inclusive com posologia.
Certa vez, uma vizinha chamou a minha mãe no portão e entregou a ela um papel, dizendo: Olha, trouxe essa simpatia do Chico Xavier para a sua filha emagrecer. Eu tinha 13 anos na época. Aos 18, me ofereceram um assento preferencial (de gestante) no ônibus. Fui ao endocrinologista, na época eu usava aparelho dentário. Ouvi dele: Tudo bem consertar os dentes, mas e o resto, vai ficar assim?
Eu só estava 5 kg acima do peso… Um trauma. Fui ao terapeuta, ao nutrólogo, até ao tarólogo. Tomei bolinhas para emagrecer… Queriam-me magra, mas nunca me perguntaram se eu estava feliz! “Não vai arranjar namorado”, “Sua prima é tão bonita MAGRA”, “Você acha que vai arranjar emprego sendo deste tamanho”.
Essas foram algumas das frases que eu e alguns amigos que estão ajudando a construir este espaço ouvimos ao longo da vida. Dietas malucas, da sopa, da água, da lua, do arroz, da luz… O que há de errado comigo? Minha existência incomoda os outros? Alguém, por algum acaso, em vez de vir com receitas mirabolantes, perguntou se eu estava bem daquele jeito e se aquilo era uma escolha minha?
Alguém questionou se algum problema de saúde me impedia de emagrecer (no meu caso, sim, descoberto recentemente, aos 34 anos). Pior era ir a lojas. Era apontar na porta e a vendedora já torcer o nariz e dizer: Não temos nada para o seu tamanho. Privando-me do direito de, inclusive, comprar presentes para amigas e amigos. Fato é que crescemos achando que estar acima do peso é sinônimo de doença.
Colocaram na nossa cabeça que, para ser aceita, você precisa ser magra. Longe disso, você vai servir apenas como chacota e para que se aproveitem de você, e com isso, a gente vai se apequenando, se envergonhando de existir… Uma conhecida minha é o avesso disso tudo. Acima do peso, graduada em educação física, ela dá aulas de zumba em uma academia da capital. Quero ver você (tentar) acompanhar uma aula dela sem pedir água!
E ela é feliz do jeito que é. A saúde dela? Vai muito bem, obrigada! A esposa de um amigo, no seu tamanho plus, é linda. Traços de boneca, sempre muito bem maquiada e bem vestida. E ela está FELIZ! E é isso o que importa! Não interessa para ela, ou para mim ou para você quanto ela pesa e se está nos planos dela emagrecer. Ela é FELIZ do jeito dela! Mas Jana, o que você quer com esse texto?
Quero dizer: Deixem as pessoas serem como quiserem, não opinem, não discutam, não se metam em departamentos que não são seus e nem nossos. Mas, e o #AfinaMenina?
O Afina Menina não vai ditar regras, ele é o meu caminho das pedras, de quem esteve deste lado, e que agora está aqui, (re)aprendendo a viver com saúde, fazendo escolhas e substituições certas, sem deixar de viver, sem ter que deixar de lado as coisas que gosta, independente do ponteiro da balança.
A gente ainda tem muito para conversar, e aos poucos vocês vão conhecer a minha história e a história de pessoas como nós, como eu e você, homens e mulheres que inspiraram a criação deste blog. Fiquem com a gente! Um beijo e até o próximo post.