Posso me desconhecer um pouquinho?

“Conhece a ti mesmo”, nos disse Sócrates. E nós obedecemos fielmente desde então. A Filosofia e a Psicologia nos mostram que o autoconhecimento é o caminho para a melhora, para a cura, que é o segredo para uma vida melhor e o objetivo da maior parte dos processos de terapia. E sim, o autoconhecimento é mesmo uma coisa maravilhosa.

Quando passamos a nos conhecer passamos também a entender nossos comportamentos, nossos motivos, a que somos sensíveis, e o autoconhecimento faz com que possamos tomar o controle de nossas vidas, ao invés de estarmos na posição de espectadores.

Faz com que consigamos entender o que nos faz bem, o que nos faz mal, e escolher quais caminhos seguir. Torna possível nosso crescimento pessoal e profissional, faz com que não sejamos vítimas das circunstâncias e nos guia para escolhas verdadeiras e conectadas com nossos propósitos.

O autoconhecimento faz com que possamos entender onde estamos, como chegamos até aqui e para onde devemos ir. O autoconhecimento nos torna responsáveis pela nossa vida… E, por isso, as vezes cansa. Eu entendi: eu sou assim, quem eu sou é consequência da minha história de vida, existe muita profundeza na minha mente e tem lugares em mim aos quais uma visita é muito dolorosa.

Posso me desconhecer um pouquinho agora? Voltar rapidinho para um estado de negação no qual tudo é mais confortável? Não precisa ser para sempre, daqui a pouco eu posso voltar a me conhecer… É rapidinho!

É preciso reconhecer que o autoconhecimento é lindo, é a chave para muitas coisas e é sim, talvez, nosso maior objetivo enquanto seres humanos… Mas cansa. É muitas vezes doloroso, desagradável e muito custoso. Tem lugares em nós que precisamos visitar, profundezas que precisamos conhecer e responsabilidades que precisamos assumir.

Não dá para viver em negação para sempre, o nosso corpo grita. Mas, às vezes, dá vontade de voltar para um estado no qual não sabíamos que a culpa não é sempre do outro, que são as nossas escolhas que moldam nossas vidas e que o que pensamos sobre o outro diz muito mais a respeito de nós mesmos.

Quando tudo isso fica muito cansativo, podemos nos desconhecer um pouquinho. Bem rápido, um respiro, só até amanhã. Não é preciso funcionar no máximo de desempenho e superação o tempo todo. Vamos descansar um pouquinho, amanhã a gente volta.

Tudo o que há para ser conhecido vai continuar aqui, esperando para ser desbravado… Amanhã.

Marjorie Rodrigues Wanderley, psicóloga, professora da Estácio Curitiba, Mestre em Psicologia Clínica pela Universidade Federal do Paraná

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