Vítima de feminicídio, a mártir Irmã Lindalva foi a primeira mulher brasileira a ser beatificada
Vamos falar de uma mártir dos nossos dias, uma freira vicentina que foi vítima de feminicídio quando esse crime nem era tipificado em nossa legislação. Vamos falar de Lindalva Justo de Oliveira, ou Irmã Lindalva, assassinada em 1993 por um interno do Asilo Dom Pedro II, em Salvador-BA, que a assediava e não entendia quando ela rejeitava suas investidas amorosas.
A Irmã Lindalva era uma pessoa dócil e prestativa. Em 1989, Lindalva ingressou no Convento das Filhas da Caridade na Província de Recife-PE. Em 1991, foi enviada em missão ao Abrigo Dom Pedro II, em Salvador-BA, onde passou a ser encarregada de coordenar o serviço aos homens idosos ou doentes.
No asilo, passou a ser assediada por Augusto Silva Peixoto, que não aceitava a rejeição, já que a irmã sempre dizia que já era compromissada, com Jesus, mas o assediador considerava ser um amor “terreno”. Esse sentimento de posse, tão comum nos casos de violência contra a mulher, culminou no assassinato da Irmã Lindalva, a facadas, na Sexta-Feira Santa de 1993.
Por ser uma mártir da fé e da pureza, a beatificação da Irmã Lindalva aconteceu em tempo recorde, em 2007, antes mesmo de outra brasileira, a Irmã Dulce. A cerimônia de beatificação da Irmã Lindalva aconteceu no Estádio Barradão, em Salvador, num evento para 25 mil pessoas. Pelos elementos de martírio, que comprovavam que Irmã Lindalva morrera defendendo a sua fé, a beatificação foi rápida e indiscutível.
Livro conta a história da mártir Irmã Lindalva – Os detalhes da vida e da história da mártir Irmã Lindalva são contados no livro “Lindalva Justo de Oliveira – A bem-aventurada Filha da Caridade” (Paulinas – 2011), escrito pelo historiador e jornalista italiano Gaetano Passarelli. O livro narra, em ordem cronológica e com detalhes, a história da freira, desde o seu nascimento, no Rio Grande do Norte, até o seu assassinato, em Salvador, na Bahia, além do processo de beatificação.