Crianças devem brincar sozinhas? Entenda
Autonomia e independência são características importantes em qualquer fase da vida e podem ser praticadas desde cedo. É claro que os bebês precisam de cuidados constantes e supervisão, mas assim que a criança começa a desenvolver firmeza nos movimentos, já é possível oferecer brinquedos e preparar ambientes que estimulem as descobertas autônomas dos pequenos.
A coordenadora da Educação Infantil do Colégio Marista Asa Sul, de Brasília, Patrícia Deoti, explica que desenvolver a independência nas crianças é importante por uma série de fatores. “Uma criança que é estimulada a ser independente e que brinca sozinha é mais segura, isso ajuda no desenvolvimento sócio emocional cognitivo, ela desenvolve a criatividade, o imaginário criativo e as diversas possibilidades que acompanham esse imaginário. Ela vai construindo interações por meio do brincar com os objetos que se encontram no ambiente em que está inserida”.
Patrícia orienta que o processo de autonomia pode ser desenvolvido desde cedo, já com bebês, por exemplo, e que é uma construção constante. Para isso é preciso oferecer espaço adequado e os objetos indicados e seguros para cada faixa etária. “É importante ressaltar a participação dos pais, pois é preciso proporcionar provocações às crianças e não dar tudo pronto na mão delas. Se o bebê tenta se movimentar em direção a um paninho que lhe chama a atenção, isso é provocar um processo de autonomia na criança e quando ela consegue, sente segurança por ter conquistado o que desejou”, explica a coordenadora.
Os benefícios podem ser observados não só na infância, mas ao longo de toda a vida. Essa criança será um adulto mais seguro, autônomo, que consegue fazer escolhas e que terá determinação no que busca, de acordo com Patrícia Deoti.
Para os pais, a independência também ajuda, pois o relacionamento se torna mais leve e com momentos ricos de partilha, especialmente em tempos de pandemia, quando todos estão mais tempo em casa. Vale lembrar que autonomia não é abandono ou distanciamento, mas sim momentos de desenvolvimento próprio e que depois pode ser compartilhado, multiplicando os aprendizados, por exemplo. “Sabemos que a rotina intensa de trabalho e afazeres em que vivemos pode ser permeada de culpa pela ausência física por parte dos pais, mas eles devem lembrar que brinquedos caros e eletrônicos não suprem momentos de interação de qualidade. Conversar, brincar, criar memórias significativas são os melhores presentes que os pais podem dar aos filhos, e tudo isso não tem preço”, conclui.