Síndrome congênita nas mãos tem repercussão após filme

Em cartaz nos cinemas, o remake do filme “Convenção das Bruxas” tem sido alvo de polêmica. A trama apresenta as bruxas com má formação nas mãos, o que se assemelha à ectrodactilia, uma síndrome congênita que causa a ausência dos dedos. Um dos trailers, que mostra como identificar as vilãs, descreve as características como marcas das feiticeiras, representadas como seres maléficos.

A questão gerou manifestações por parte dos portadores do problema, com o alerta de que, embora o filme seja uma ficção, a descrição pode aumentar o estigma muitas vezes sofrido pelos pacientes. Uma das manifestações foi feita pela britânica Claire Cashmore, triatleta paraolímpica e ouro na Rio 2016, que nasceu sem parte do braço esquerdo. Ela recordou comentários que escutou na adolescência – de que o braço era “assustador” e deixava os outros “enjoados” – e como isso a machucou nesta fase da vida. “Sim, você poderia dizer que é ótimo ver alguém com uma deficiência nos membros na TV. Mais que tudo, quero ver mais representatividade na mídia. No entanto, queremos que as deficiências sejam normalizadas e representadas de uma forma positiva, ao invés de associadas a algo assustador ou malvado. Conheço várias crianças e adultos que nasceram sem os dedos. Saibam que isso não os representa. Suas diferenças são únicas e devem ser celebradas”, disse, em postagem no Instagram.

Para a SBCM (Sociedade Brasileira de Cirurgia da Mão), a repercussão acerca da questão é uma oportunidade de esclarecimento sobre a ectrodactilia e dos tratamentos para garantir qualidade de vida aos portadores, fala o Diretor de Comunicação da SBCM, Dr. Antonio Tufi Neder Filho.

“Distanciados da polêmica, acreditamos que a obra pode auxiliar na disseminação de informações adequadas à população para que os pais procurem o imediato e correto tratamento para os filhos, logo após o nascimento”, ressalta.

As anomalias ocorrem em cerca de 2% dos nascidos vivos. Destes, 10% aproximadamente possuem deformidades nos membros superiores. “A correção das deformidades deve ser feita o mais cedo possível, pois os resultados funcionais na vida adulta serão melhores quando comparados à não correção ou a correções tardias”, salienta o especialista.

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