Não Pira: Dolce far niente

“Estou esgotada desse 2020 e contando os dias para as férias de final de ano.”

 Leia ouvindo: Put your records on – Corinne Bailey Rae

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Chegamos ao momento do ano que (pelo menos para a maioria das pessoas) traz ao pensamento alguns conceitos relacionados ao lazer e ao lúdico. Tempo de descansar, encontrar familiares, tirar umas férias, relaxar, dar uma pausa na rotina “normal”. Em 2020 vivemos um período difícil e que nos privou de muitas coisas cotidianas. E tudo isso ainda não passou, o que significa que este final de ano será marcado por cuidados e privações.

O lazer, de forma geral, é um fenômeno de busca pelo prazer e tem grande importância nos nossos dias, além de nos constituir enquanto sujeitos. É um espaço, um tempo marcado para as construções subjetivas, as realizações, as expressões e as produções individuais. Por tudo isso, assemelha-se ao brincar, ao lúdico, tão presente para as crianças.

No atropelo dos dias e da rotina, muitas vezes não damos espaço para esse brincar de adulto. Acredito que todos já experimentamos uma semana exaustiva, sem tempo para um escape. Assim, sabemos os efeitos que isso nos causa e fica impossível não valorizar as pausas. Precisamos disso sim, para sobreviver com saúde e bem-estar.

Para Freud, o brincar é uma atividade fundamental na estruturação de todo sujeito e marca sua entrada para o simbólico, para o mundo da linguagem. E tem uma história curiosa sobre isso: ele constatou a importância do brincar observando o seu neto de pouco mais de um ano.

O pequeno jogava um carretel, afastando e depois buscando para si, em um jogo de aproximar e afastar, presença e ausência. Esta brincadeira representa a estruturação inicial da criança enquanto sujeito. E é desse jeito, através do lúdico, que elaboramos situações e nos inscrevemos, pela linguagem, no mundo da cultura. Constituímos, assim, os limites entre realidade e fantasia.

E depois que crescemos? Aí, na prática de atividades de lazer, reeditamos essa experiência infantil e presentificamos a repetição do brincar de todos nós. Não preciso falar que é fundamental em nossas vidas, não é mesmo?

Que venha essa pausa, esse hiato, esse silêncio, esse sacolejo na rotina. Nos vemos em 2021!

– Lá no meu direct (@yaskarapsi) recebo dúvidas, questionamentos e também histórias que queiram compartilhar… Elas são respondidas aqui, em forma de texto, sem identificação (e com uma música especial). Vamos pensar sobre o que estamos vivendo? Até a próxima (que será no início de janeiro)!

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