Perdendo (ou ganhando) likes

Para ler ouvindo: All I Want For Christmas Is You – Mariah Carey

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Tem quem ama. Não é o meu caso, definitivamente. Quando rolou o primeiro afrouxamento das medidas de isolamento social durante a quarentena, houve fila na porta de um grande shopping no centro aqui de Curitiba. As imagens passando ao vivo no jornal local me impressionaram. Haviam dezenas de pessoas enfileiradas, com o mínimo do distanciamento exigido (algumas com máscaras no queixo), aguardando as portas de aço se abrirem. Pelos olhares, estava mais para portais dos céus. Não sei o que eu perdi ali, mas o fato é que perdi.

Ah, mas e a economia, dirão. E os funcionários que precisavam trabalhar. E os empresários que ao prosperarem continuam gerando empregos. Vejam bem, quando passamos a infância e adolescência inteirinhas e parte da vida adulta vendo sua mãe trabalhar dentro de uma construção de concreto como aquela, onde não se tem a menor noção do clima lá fora, as alergias urgem como lava de vulcão por causa do ar-condicionado sem manutenção e a casa não cheira a ceia de Natal desde cedo porque o expediente só termina às 18h no dia 24 de dezembro, eu diria que a perspectiva é um pouquinho diferente. Isso quando não chegam os atrasadinhos querendo garantir a lembrancinha bem na hora da loja fechar e o expediente se alonga ainda mais.

Claro que nada disso seria pior que o desemprego, obviamente. Mas a meta de vendas, sempre inalcançável, foi uma conversa permanente durante uns bons longos 20 anos da minha existência. Era preciso sobreviver e para isso, contávamos com quem? A meta de vendas, claro. Neste mês, bateu na trave. Foca no próximo. Ops, de novo no quase. Agora vai, o comércio está aquecido. Puxa, a crise bateu e a meta aumentou. Enquanto isso, entre idas e vindas de busão, lamentos de como a rotina estava complicada já que ao invés de três viagens para o exterior deu pra fazer apenas duas. Não minha mãe, gente, nunca conseguimos sair do Brasil. Me refiro à galera que define as altas metas e as baixas comissões mesmo.

Passado esse adendo importante, voltemos a não ter saudade de entrar num shopping. Confesso que adoro aquele cheirinho de riqueza quando pisamos no mármore do paraíso do consumo, só lamento ele custar minha fatura de energia elétrica caso eu queira levá-lo para casa. Por sorte, tem uma fragrância de bambu i-gual-zi-nha a essa famosa que custa metade da metade do preço pra vender na feirinha (quem quiser o contato só pedir). A bem da verdade, eu ia umas quatro vezes ao ano no cinema (quando muito), eventualmente buscar minha mãe depois que casei e virei motorizada ou pra comprar algo muito específico. Só não consigo pensar, aqui do alto do meu isolamento social, em algo que me faça sair rumo a um mix de lojas durante o pico de transmissão de um vírus altamente contagioso e ainda sem vacina.

Comprar on-line virou meu luxo e a forma que encontrei de me sentir pertencendo à sociedade. Se eu pudesse faria publi de todas as marcas que brilharam vendendo, entregando e te deixando com gostinho de quero mais de tão bom o atendimento, o suporte, a entrega e o pós-venda. Bastava uma busca rápida e pimba, lá estavam elas vendendo e entregando na porta (com fretes ótimos ou até na faixa). Quem sente saudade de shopping assim? Nem vou entrar no mérito da praça de alimentação, fica pra outro dia.

Tem só um problema, o lero com o Papai Noel e a foto junto ao bom velhinho. Já expliquei pro pequeno que não vai rolar, ele entendeu (desde o começo tem entendido tudo muito bem). São Nicolau não deve ter imaginado que moraria dentro de um shopping e que teria uma pandemia tão avassaladora no século XXI, mas ano que vem a gente se vê, assim espero. Por enquanto, nos mantemos saudáveis, candidatos a estarmos vivos ano que vem, trabalhando a resiliência em níveis inimagináveis e passando longe das calçadas que antecedem portas de vidros que abrem e fecham automaticamente. Aquela passarela rolante toda iluminada pode até ser linda (e é), mas minhas janelas também estão reluzentes e com todos que moram pra cá delas, felizmente, sãos e salvos.

Até a próxima! 

 

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