Covid-19: Cobre é arma no combate à contaminação

Em tempos em que se buscam todos os meios para combater o novo coronavírus, um metal, velho conhecido da sociedade – mais especificamente desde 5 mil anos a.C ­–, destaca-se como um importante combatente se empregado em espaços públicos, ambientes hospitalares e até mesmo dentro de casa: o cobre. Pesquisa publicada no New England Journal of Medicine, escrita por cientistas da Universidade de Princeton, do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA, assim como as análises do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, atestaram que, sobre superfícies envolvidas com o material, o SARS-CoV-2 morre em apenas quatro horas. Já em superfícies plásticas pode sobreviver por três dias e até dois dias em aço inox.

A arma para travar essa luta é um adesivo flexível de cobre, de fácil instalação, chamado Cobrex, desenvolvido pelas empresas Cecil (fornecedora do cobre) e Elfer (especialista em serviços em metais), com mais de sete décadas de experiência acumulada.

“Diante do poder do cobre, se faz de extrema importância a presença desse adesivo em itens que são muito tocados pelas pessoas, como maçanetas, interruptores, elevadores, corrimãos, catracas, balcões e barras do transporte público, por exemplo, além de espaços em condomínios, clínicas odontológicas e hospitais”, explica Fábio Passerini, gerente da Elfer.

O cobre possui um elétron livre na órbita externa de seus átomos, configuração que facilita reações. Os íons ou partículas eletricamente carregadas do metal geram uma espécie de “ataque” contra a membrana externa dos micróbios, causando-lhe rupturas. Com essa membrana quebrada, os íons destroem o material genético dentro do patógeno.

As folhas adesivas de cobre têm 0,05 mm de espessura. No Brasil, o adesivo já foi aplicado em ações pontuais, como corrimão de algumas instituições, como o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) e Rainha da Paz, barras de apoio em transporte público do Rio de Janeiro, catracas, puxadores, balcões, maçanetas em diversas empresas e residências. Os adesivos estão sendo procurados por grandes empresas, shoppings e condomínios, que buscam oferecer reforço no processo de combate à transmissão de vírus em suas áreas comuns.

O produto custa a partir de R$ 90,20 (5 folhas  de 150 x 200 mm). Bem cuidados, mantêm as propriedades antimicrobianas e dura por toda a vida. “O investimento feito na instalação desse tipo de revestimento resulta em economia. É uma barreira adicional de proteção, reduzindo riscos em áreas de saúde, como consultórios, clínicas odontológicas e espaços com grande circulação de pessoas”, ressalta Passerini.

 

Material

O cobre é o terceiro metal mais consumido no mundo e a maior parte dele (75%) é utilizada na fabricação de fios elétricos, cabos de telecomunicações e eletrônicos, segundo dados do US Geological Survey. “E agora, com a viabilização de seu uso com o Cobrex, torna-se um importante aliado para a redução de contaminações, uma vez que mata não apenas o vírus da atual pandemia, mas fungos e bactérias, incluindo as mais resistentes, pelo simples contato com a superfície metálica”, salienta Passerini.

O Brasil está entre os 15 principais produtores de cobre do planeta. Além do poder bactericida, outro destaque do material é a sustentabilidade: o metal não libera gases tóxicos, mesmo em altas temperaturas, além de ser 100% reciclável.

 

Experiências

O revestimento de cobre no setor da saúde já vem tendo sua eficácia confirmada há algum tempo em outros países. Em 2008, o Hospital Dr. Salvador Allende, no Chile (maior produtor mundial de cobre), participou de um estudo com superfícies revestidas pelo material. O metal foi usado em trilhos da cama e outras superfícies de alto contato. Ainda no país, em outubro deste ano, foram desinfetados com nanopartículas de cobre 49 locais de votação no centro de Santiago, para a realização de um plebiscito sobre a Constituição.

Outro recente estudo sobre a utilização do cobre em hospitais foi publicado pelo pesquisador da Universidade Médica da Carolina do Sul (EUA), Michael Schmidt, em 2019.

Na ocasião, foi comparada a presença de bactérias em dois tipos de leitos em unidades de terapia intensiva de três hospitais: leitos com superfícies de plástico e outros com superfícies de cobre. Foi constatado que, em média, as camas de cobre abrigavam 94% menos bactérias do que as camas de plástico e assim permanecia com esse baixo nível durante toda a internação dos pacientes.

 

Poder milenar

O primeiro uso do cobre com fins medicinais de que se tem registro é um antigo texto médico egípcio escrito entre os anos de 2600 e 2200 a.C., para desinfetar feridas no peito e tornar a água potável, armazenando-a por um tempo em vasos do material.

Os fenícios também utilizavam limalhas de cobre ou pedaços de espadas nas feridas durante os combates e Hipócrates, considerado o pai da Medicina, recomendou o cobre para tratar úlceras nas pernas.

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