Satisfação comprada

“Sou bastante consumista e a Black Friday me estimula a comprar ainda mais,

muitas vezes coisas que não preciso.”

 

Leia ouvindo: Trem Bala – Ana Vilela

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De uns anos pra cá, todo final de novembro é movimentado comercialmente pela onda da Black Friday. Tanto que a friday em muitos estabelecimentos já virou week, se estendendo por vários dias de promoções, apelos e abordagens das mais diversas (você já recebeu um WhatsApp de alguma loja?).

Nesse contexto, como sempre, entram em jogo as questões únicas e individuais de cada um… Ou seja, identificações (ou não), por exemplo. Fato é que, constituídos enquanto sujeitos faltantes (todos nós, que somos estruturados também por faltas), desejamos tamponar esses nossos buracos.

Uma das formas existentes para isso são, sim, as compras, os pequenos objetos que nos prometem alívio, alegria, satisfação e completude. Mas venho do futuro (acho que do presente mesmo) para esclarecer: nada, nada mesmo é capaz de satisfazer definitivamente o nosso desejo. Nada preenche nosso vazio constitucional. Mas como assim?

Na vida real, essa que encaramos todos os dias e na qual nos encaramos todos os dias, somos e sempre seremos incompletos. A sensação de completude só nos foi oportunizada uma vez (e nem toda), na relação simbiótica entre mãe e bebê. Depois disso, não mais. Para usar uma expressão da moda: lide com isso. A verdade é que negociamos com nós mesmos diariamente, só que no modo automático.

E isso acontece com frequência, cada vez que decidimos comprar algo, que identificamos uma necessidade, que sentimos uma vontade, que desejamos. Em última análise: ser desejante é o que nos faz caminhar (dentro da nossa incompletude), com ou sem Black Friday. Seguimos em frente, então.

– Lá no meu direct (@yaskarapsi) recebo dúvidas, questionamentos e também histórias que queiram compartilhar… Elas são respondidas aqui, em forma de texto, sem identificação (e com uma música especial). Vamos pensar sobre o que estamos vivendo? Até a próxima!

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