Água de qualidade é requisito básico para uma vida digna
A conscientização para a prática de iniciativas sustentáveis vai desde o ensino na pré-escola até inovações concebidas com o propósito de melhorar o cotidiano em locais públicos e, de forma especial, reduzir o desperdício de água em instalações precárias. “O despejo irregular de efluentes industriais é mais um dos graves problemas ambientais”, salienta Vininha F. Carvalho, editora da Revista Ecotour News & Negócios (www.revistaecotour.news).
O relatório publicado pela ONU informou que 90% da água disponível na superfície do planeta é salgada. E somente 5% da água doce é própria para consumo. Ou seja, essa pequena cota é utilizada em residências e para suportar todas as atividades da indústria, dos agronegócios, entre outras atividades. Mais de 2,7 bilhões de pessoas deverão sofrer com a falta de água em 2025 se o consumo do planeta continuar nos níveis atuais. O estudo atribui essa condição à má administração dos recursos hídricos, ao crescimento populacional e às mudanças climáticas.
O Brasil concentra 12% de todo o volume de água doce do planeta, abrigando 12 bacias hidrográficas, das quais nove estão localizadas na Mata Atlântica. A cada segundo são utilizados, em média, dois milhões e 83 mil litros de água no Brasil (ou 2.083 metros cúbicos por segundo). Em 1931, eram utilizados apenas 131 mil litros por segundo – 6,3% do uso atual. O uso da água deverá crescer 24% até 2030, superando a marca de 2,5 milhões de litros por segundo. Estas informações constam do Manual de Usos Consultivos da Água no Brasil, elaborado pela ANA, e que traça um panorama das demandas pelos recursos hídricos em todos os municípios brasileiros, entre 1931 e 2030.
No Brasil, de toda a água utilizada, 70% são consumidos pela atividade agropecuária, 20% no setor industrial e 10% são voltados para o uso doméstico. Deve-se pensar também no consumo necessário para a exportação. Considerando que o país é uma das principais nações em termos de agronegócios, isso faz com que o Brasil seja visto como um dos maiores exportadores de água do mundo.
Segundo um levantamento da Organização das Nações Unidas (ONU), uma pessoa consegue atender suas necessidades básicas com 110 litros de água por dia. Porém, no Brasil, o consumo médio é de cerca de 200 litros.
Nunca a sociedade valorizou tanto a água quanto na estiagem prolongada. Mas muitos desconhecem a quantidade de água consumida para produzir determinados produtos. “As boas práticas agrícolas e a gestão consciente dos recursos naturais mostram ser um dos caminhos para amenizar esta situação”, enfatiza Vininha F. Carvalho.
De acordo com o especialista em eficiência hídrica, Wagner Cunha Carvalho, CEO da W-Energy e membro do Instituto para a valorização da Educação e da Pesquisa no Estado de São Paulo (IVEPESP), todos devem se conscientizar não só na hora do banho, de lavar a louça ou de escovar os dentes, mas sim de tudo o que se compra e se consome.
“Aquilo que compramos e consumidos tem um grande impacto no meio ambiente. Todo o sistema do planeta está interligado, desde o desmatamento na Amazônia até o crescimento populacional, o aquecimento global, a produção excessiva de lixo, etc. Tudo isso interfere nas más condições hídricas que enfrentaremos há anos e também que devemos enfrentar daqui para frente”, revela o CEO da W-Energy.
No Brasil, apesar da aparente abundância de recursos hídricos, o reúso de água vem conquistando espaço, principalmente nos grandes centros urbanos, nos quais a escassez representa altos investimentos e custos operacionais para captação e adução de águas a grandes distâncias.
“Água de qualidade é requisito básico para uma vida digna. É preciso descobrir a forma ideal para aproveitar cada gota e devolver esse recurso tão precioso de volta à cadeia produtiva. A preservação desse recurso é essencial para as futuras gerações”, conclui Vininha F. Carvalho.