Nós e nossos pais

*Por Jocely Burda, coordenadora do curso de Psicologia da Estácio Curitiba

 

“Com o tempo, a idade chega e as coisas já não são mais as mesmas, quero minha família aqui perto…”, sempre ouvi esta frase de minha avó que tinha seus setenta e poucos anos, não entendia bem o que ela queria dizer na época, mas hoje, mais madura, tenho uma outra visão de mundo e entendo.

Minha avó tinha receios e desejos, entre seus desejos estava o de aproveitar todos os momentos possíveis com seus filhos e netos, pois queria dedicar seu amor, carinho e atenção para com todos. Era uma festa ir à casa dela, eu, meus irmão e primos adorávamos. E sobre os receios, não sei quais eram, mas certamente tinha algo com a finitude, com deixar o que amava.
Hoje, entendo os pensamentos dos meus pais quando manifestavam o desejo de corresponder aos anseios dela, de estar em família, ajudar e fazer tudo o que podiam para manter esta tradição, pois hoje também faço.
Em minha análise, ressalto que desde muito cedo vamos nos acostumando com as regras da sociedade em que temos a clareza de que somos filhos e crescemos ouvindo “cuide-se”, então aprendemos a cuidar de nós mesmos, e posteriormente, dos nossos filhos, mas não pensamos em cuidar de nossos pais, pois estes sempre nos cuidaram.
Este pensamento é dolorido e assombra, mas necessário refletir sobre o cuidado para com nossos pais, sim cuidar daqueles que nos deram a vida e que tínhamos ou temos como heróis.

Assunto chato né”!?, mas delicado e muito imperioso, pois tendemos a evitar aquilo que nos machuca, que nos assusta e que nos faz balançar a estrutura.
Os nossos heróis se tornarão nossos protegidos, olha a nossa responsabilidade, cuidar tão bem como eles nos cuidaram. Devemos sim pensar que nossos pais serão nossos filhos e que seremos filhos de nossos filhos.
Esta troca na relação não é fácil, requer maturidade e equilíbrio e para enfrentar esta situação há três caminhos: o caminho da negação, fugindo e fingindo que nada está acontecendo; o caminho da entrega total, esquecendo de quem somos e de nossas necessidades; e o caminho do enfrentamento, do equilíbrio, da complacência, da gratidão e do amor. E neste último caminho há o amor próprio, o auto-respeito, o cuidado com as emoções.

Então cante, dance, sorria, converse sobre esta situação e trate sua mente para que você enfrente tudo isso de forma saudável, assim você terá recursos para lidar com esta situação de finitude tão dolorosa, de forma saudável.
Devemos sim retribuir tudo o que nos fizeram, com a mesma calma, a paciência, o carinho que recebemos quando criança, e como fazer isso?

Deixe-os falar, contar histórias, lembrar do passado e vivencia aquilo que foi mais importante na vida deles, pois certamente você estará lá também. E tudo ficará mais leve.
Então, hoje concordo com minha avó e quero dizer que sou a favor de uma família mais próxima, reunida aos finais de semana, conversando, rindo e compartilhando a vida.

Então eu digo, VALORIZE CADA MINUTO, POIS NÃO SE SABE ATÉ QUANDO!

*Jocely Burda, coordenadora do curso de Psicologia da Estácio Curitiba

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