Não deixe para amanhã, porque o amanhã nunca chega…

“Não deixe para amanhã, porque o amanhã nunca chega…”

Essa frase é quase que um mantra para algumas pessoas… São pessoas intensas, que vivem o hoje a qualquer preço, a qualquer custo e que costumamos dizer que com elas não tem tempo ruim…

Então, aproveitando que faz duas semanas que eu não escrevo aqui, por falta de tempo e inspiração, porque nem todo dia é fácil, hoje eu resolvi dividir duas histórias breves de duas pessoas que passaram rapidamente pela vida.

Elas não se conheciam, mas tinham uma coisa em comum: a intensidade com que viveram suas vidas.

Senhoras e Senhores, apresento a vocês a Patrícia e a Lígia! Mas adoraria apresentá-las nesta vida…

A primeira delas, a Paty, meu Deus… A Paty. Conheci em 2000, na faculdade de jornalismo. Ela era minha caloura. Um sorriso tímido e um olhar meigo, mas um sorriso lindo, daqueles que você consegue contar a quantidade de dentes dentro da boca de tão largo que era. A Paty transmitia uma luz. Sabe aquela luz que vem de dentro? Juro que se faltasse energia, ela poderia segurar uma lâmpada e acendê-la apenas com a sua intensidade.

A Paty exalava vida. Esteve conosco por apenas 34 anos, mas teve uma vida linda, bem vivida. E eu não diria invejável, eu diria louvável.

A Paty sorria com os olhos… E esse sorriso que ela carregava no olhar foi fundamental nos últimos anos dessa jornada que essa guerreira enfrentou. Acometida por um câncer de mama, que ela descobriu no autoexame, um nódulo. Ela enfrentou, venceu, mas infelizmente, esse inimigo silencioso voltou e acabou levando a nossa guerreira.

A Paty viajou MUITO, andou de balão, pulou de paraquedas, conheceu lugares que sempre quis… Parece que ela sabia que viveria tão pouco tempo.

Um dia, em uma visita, a vi tão bem… Levei bolo e lenço para ela… Ela ficava linda de lenço, ela ficava linda de qualquer coisa. Ela era uma vida que pulsava em uma vibração que eu jamais vou conhecer outra igual.

Ela vibrava, era pura energia e sinto que ela está por aqui, que a energia dela ficou conosco, porque pra essa pequena, não tinha tempo ruim!

E as gargalhadas dela? E aqueles olhos expressivos? Perceba, falo dela como se você a conhecesse… Era magnífico! Lembro do som da voz da Paty, lembro de coisas que ela dividiu comigo e lembro como a gente se achou de novo depois de termos nos perdido quando acabou a faculdade… Eu telefonei para o órgão que ela trabalhava, pois queria negociar uma pauta com ela. A pessoa que me atendeu me disse que ela estava afastada e que não poderia me dar o contato pessoal dela, mas que passaria meu contato para ela. Minutos depois, recebi um WhatsApp dela, que felicidade!

Dali até a sua partida, a gente não se largou mais…

Em novembro de 2015, eu fui fazer uma cirurgia (a bariátrica), a Paty estava bastante debilitada, e ainda assim, todos os dias ela me mandava mensagens, telefonava para saber de mim… Já quando estava bastante comprometida, não era mais ela a me responder, mas sim a sua mãezinha, a tia Nilva…

A Paty se foi em janeiro de 2016… E os nossos encontros frequentes, que aconteceram de 2014 até um pouco antes da minha cirurgia, não foram registrados por idiotice minha. É, eu não tenho nenhuma foto com a Paty porque eu tinha vergonha de mim…

Em nossa última conversa por telefone, eu disse: Paty, guenta firme, porque você ainda vai me ver magra. E ela disse: Jana, se cuide, porque eu quero que você viva…

Nos dias que se seguiram até a sua partida, diariamente eu enviava mensagens de ânimo e força para que ela não desistisse da jornada. Do jeitinho dela, ela venceu. Mesmo que hoje não esteja conosco, nem mesmo para ler esse texto, mas ela venceu… Como havia prometido que a levaria ao Santuário de Schoenstatt, mas não deu tempo, eu levei uma foto dela e lá deixei. Promessa cumprida. Abaixo, a foto dela lá no Santuário em 13 de fevereiro de 2016.

Paty, onde brilhem os olhos teus, onde reverbere a sua energia. Você foi, é e sempre será lembrada e muito amada por todos nós!

Obrigada por ter passado pelas nossas vidas e ter nos ensinado tanto com a sua luta.

A Paty nos deixou no dia 30 de janeiro de 2016.

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Agora, a Lígia. Essa pimentinha foi e é tão importante na minha vida, que ela tem uma coluna só para ela aqui, em que sou eu quem escreve, o Cartas para Lígia.

A Lígia entrou na minha vida quando eu ainda era bem pequena… Namorou e casou com um primo com quem eu não tenho muito contato por conta da diferença de idade (meu pai era o filho caçula, com uma diferença grande de idade entre suas irmãs, então, meus primos têm, em média, a idade que meu pai teria, se fosse vivo). O casamento deles não durou, então eu dizia que ela era o que ficou daquilo que não ficou.

Graças às redes sociais, a gente se achou em 2010, e de lá para cá, ou pelo menos até o dia em que ela se foi, a gente não se largou mais…

A Lígia era intensa. Não dizia não. Sempre havia a oportunidade de a gente se ver, se encontrar, sempre era motivo para comemorar, celebrar a vida, os encontros. Semanalmente, era na casinha do meu pai que a gente se encontrava para os nossos cafés. O que ela tinha de pequenina, tinha de alegre, de fé na vida, de esperança…

Ela amava o pôr do Sol, e nunca mais eu vi o pôr do Sol com os mesmos olhos…

Quando saímos da casinha do meu pai, vendida em maio de 2019, dissemos que tudo que nos fazia feliz e era valoroso para nós, ficou lá, e que se houver uma réplica desse lugar no céu, ou dê o nome que você quiser, conforme a sua crença, a Lígia está lá, nos esperando.

Quem me acompanha no Facebook, sabe que essa baixinha ganhou uma corrente de oração só para ela. Ela descobriu uma doença rara que acabou roubando-a da gente em julho do ano passado. A nossa corrente de oração juntaram-se pessoas diversas, conhecidos, desconhecidos. Chegamos a ser 8 mil pessoas orando por ela em um dia específico da semana, os domingos, às 22h.

A Lígia lutou bravamente… Quando visitei a pimentinha no hospital, em nosso último encontro, uma semana antes de ela partir, ela estava acordada. Demorou a me reconhecer por ter passado longo período sob um coma induzido, mas quando me reconheceu, uma lágrima escorreu do seu olho… E eu entendia tudo o que ela me dizia com aquele olhar cúmplice.

A Lígia era a minha amiga, minha prima, minha mãe, minha irmã e minha filha… Ela sabia tudo a meu respeito, a gente dividiu muitas coisas. A partida dela deixou um vazio imenso. Não raro me pego falando dela por aqui, e cobrando ela por ter deixado esse mundo tão rapidamente e de uma maneira tão sofrida. Ela não merecia.

O santuário de Schoenstatt era o nosso refúgio, onde a gente ia orar, agradecer e conversar… A gente tinha tanto em comum…

Aqui, uma foto nossa no Santuário. A Lígia carregava no porta-malas do carro o nosso “kit parque”, que era uma colcha e duas almofadas minhas que a gente levava ao santuário para ficarmos deitadas tomando sol lá enquanto a gente ria, orava e conversava…

A Lígia foi para Nova York, Rússia, mas fiquei devendo a ela uma ida para a Lapa/Pr… Mas como eu fiz uma via sacra pela saúde dela, depois que ela se foi, levei o santinho dela a todos os lugares onde havia ido pedindo pela cura dela, inclusive na Lapa. A missão foi cumprida recentemente e ainda falta contar o capítulo final desta jornada.

Minha prima, amor da minha vida! Quando fui fazer a minha cirurgia plástica, uma enfermeira no hospital me perguntou se eu não tinha medo de morrer… Eu disse que teria se não tivesse ninguém esperando por mim. Mas que eu tinha certeza de que, ao fechar meus olhos aqui, ela estaria do outro lado, junto com o meu pai, com seu abraço quentinho para me acolher, como fez tantas vezes em vida…

Aos 53 anos, no dia 26 de julho de 2019, a Lígia nos deixou, acometida uma doença rara chamada amiloidose, que iniciou no seu fígado e cujo diagnóstico foi tardio…

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A essas duas pessoas intensas, iluminadas, e que passaram por aqui somente para nos ensinar com as suas vidas, lutas e jornadas, meu respeito, carinho, admiração e uma saudade imensa.

Enquanto eu viver, vou me lembrar de vocês!

Obrigada por terem lido até aqui. Até a semana que vem, ou a próxima…

E não se esqueça… Não deixe para amanhã, porque o amanhã nunca chega…

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