Tempo… tempo… tempo… como aproveitá-lo com qualidade?

O período de distanciamento social, vivenciado nos últimos meses, nos permite uma reflexão sobre nossa relação como “o tempo”. Se antes era comum questionarmos “a falta de tempo”, com a pandemia a questão passou a ser sobre “como lidar e aproveitar esse tempo”. Mais do que nunca, percebemos o quanto o tempo pode ser nosso aliado e fonte de prazer para aquilo que fazemos, ou pode nos trazer ansiedades, angústias e outros sentimentos difíceis de serem experienciados.
De qualquer modo, o tempo está sempre presente e exige que o aproveitemos, mas como aproveitar com qualidade esse tempo em nossas relações e atividades cotidianas?
Antes de mais nada, gostaria de conversar com você, não sobre o “tempo cronológico”, aquele das agendas e calendários, mas, sim, sobre “o tempo psicológico”, que podemos definir brevemente como o modo como vivenciamos e elaboramos internamente determinados acontecimentos de nossa vida. A reflexão é sobre como podemos compreender e organizar o nosso “tempo psicológico”, tornando as nossas relações com o trabalho, com o estudo, com as atividades de lazer, e, principalmente, com as pessoas, qualitativamente melhores.
Em primeiro lugar, o “tempo psicológico” não segue o ritmo das agendas e a rapidez dos acontecimentos, para compreendê-lo e bem vivê-lo é preciso desacelerar, parar para refletir calmamente sobre o que somos e o que queremos. Implica também, em estabelecermos prioridades, quem e o quê merece que dediquemos o nosso tempo. Demanda investimento afetivo, intelectual e de tempo, no sentido cronológico.
O descompasso entre o “tempo cronológico” e o “tempo psicológico” é a causa de todo cansaço. Enquanto esse exige passos rápidos e largos, àquele sobrevive de pequenos passos e de demoras. O desafio, então, é conciliar um ritmo que seja bom para os dois “tempos”. O que importa não é a quantidade, mas a qualidade do tempo que dedicamos àqueles e àquilo que amamos e que queremos manter por perto, o que demanda aprendizagem e “tempo”. E Você? Como tem vivenciado estes dois “tempos”?
Desejo que com esta reflexão você aprenda a aproveitar o seu tempo do mesmo modo que uma criança que perdeu a pressa, que vive o momento, que é simples em seu modo de ser e de querer. E que faça das palavras de Caetano Veloso sua “oração ao tempo”: “Peço-te o prazer legítimo e o movimento preciso, tempo, tempo, tempo, tempo, quando o tempo for propício… ainda assim acredito ser possível reunirmo-nos, num um outro nível de vínculo, tempo, tempo, tempo, tempo, ouça bem o que eu te digo…”.

Wallisten Garcia, psicólogo, mestre em Psicologia pela UFPR, especialista em Terapia Familiar, doutorando em Educação pela UFPR e professor da Faculdade Estácio Curitiba

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