Suicídio: sinais, prevenção e o papel das terapias integrativas

Iniciamos setembro, conhecido também como Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio. Antes de ser consteladora familiar e idealizadora da Consonare, também atuei como jornalista e ainda é praxe na profissão não divulgar mortes causadas por suicídio para não “incentivar” a prática.

Ocorre que ela está acontecendo com ou sem divulgação da mídia, no silêncio dos quartos, cozinhas ou garagens. A cada 40 segundos acontece um suicídio no mundo, sendo que no mundo todo cerca de 800 mil pessoas tiram suas vidas todos os anos. No Brasil, a taxa de suicídio aumentou 7% em seis anos segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), ao contrário da queda de 9% no índice mundial. Você ainda tem dúvida de que precisamos falar em suicídio e como podemos prevenir essa dor profunda provocada no seio das famílias?

Ao contrário da morte tida como natural, por meio de doenças ou envelhecimento do corpo, o suicídio é a prática deliberada do indivíduo em tirar sua própria vida. E em muitos casos deixa familiares perplexos, culpados ou sem entender o ocorrido.

Não é fugindo do problema que ele deixa de existir

Logo, não é fugindo da sombra que ela não existe. É justamente dando acolhida à sombra que podemos lançar luz e fazer novas escolhas, de preferência à vida. Vou te contar um segredo que me foi revelado durante a sessão de microfisioterapia. A terapeuta identificou que eu tinha pensamentos suicidas na infância. Eu lembro de olhar atentamente a um aquecedor daqueles antigos (imagine, década de 1970), que tinha umas grades da cor de fogo e atrás um botijão fazia o equipamento funcionar. Eu me imaginava passando por aquelas grades, mas, claro, naquele tempo ficava só na imaginação.

Nosso corpo deixa marcas que a microfisioterapia pode detectar e fazer correções. Assim como as demais modalidades de terapia integrativa. Lembra de um seriado famoso da TV Globo chamado Sob Pressão? A médica protagonista costumava se flagelar porque era uma dor emocional tão grande que não havia dor maior do que aquela. Logo, mutilação não era nada comparada ao trauma vivido por ter sido estuprada pelo próprio pai.

Pensamentos suicidas podem acontecer com todos nós em alguma fase da vida.  A questão é quando passamos do pensamento que vem e vai como o vento para o planejamento em si da ação sem volta.

Luz e sombra: qual você alimenta mais? 

Nesse mês, Setembro Amarelo, precisamos falar, sim, do suicídio. Há muitas pessoas cujas sombras vão tomar conta se não observarmos os sinais a tempo. Depois não é possível mais lamentar a perda.

Aos pais, cuidadores, colegas e amigos, nosso conselho é que fiquem atentos aos sinais que são sutis, mas relevantes.

Um deles é o isolamento de amigos e familiares, mas que assume alguns disfarces para que a pessoa não seja notada no seu real intento. Ela pode alegar cansaço, que precisa estudar, ler, dar foco a algum projeto, dar um tempo de pessoas.

Outro sinal são as pesquisas na internet sobre o tema. E nem sempre a pessoa deixa o celular ou o computador acessível às pessoas. A sombra do suicídio, uma vez consolidada na mente, traz instruções muito bem planejadas de como realizar cada uma das etapas.

E engana-se quem acha que suicídio só acontece na adolescência. Lembra-se do ator Robin Williams? Ele pôs fim à vida aos 63 anos de idade. Quem diria que o ator de Patch Adams carregava uma dor emocional insuportável?

Eu mesma fiquei sabendo de um vizinho que já tinha idade avançada e se suicidou deixando mulher, filhos e netos. É uma sensação tão estranha. De repente a pessoa vira pó, porque some das nossas vistas da noite para o dia. Imaginamos a dor de familiares próximos que carregam a dor e a sensação de que podiam ter feito algo.

Por isso, antes mesmo de qualquer indício, cuidar da saúde emocional e da saúde emocional é essencial. Só nos conhecendo saberemos o que pensamos sobre nós, passaremos a nos amar e trazer mais a luz do que as sombras para perto de nós. E quem se valoriza sabe que a vida é preciosa.

Suicídios e vícios pela ótica da Constelação Familiar

Na Constelação Familiar, terapia na qual sou formada, Bert Hellinger no livro Ordens da Ajuda, relata vários casos de suicídios ou tentativas por meio dos vícios. “Em muitos casos de pessoas que se encontram em perigo de se suicidar, a força salvadora vem do pai, não da mãe, muito frequentemente”.

Em muitos casos, a depressão crônica pode levar as pessoas ao suicídio, conforme atestam neurologistas e psiquiatras. Pela Constelação Familiar, já presenciei o caso de uma mulher que trazia muita mágoa da mãe, alegando ter sido abandonada quando criança. Ela cresceu com essa crença e sua criança interior nunca a perdoou. Assim, a adulta dentro dessa criança ferida agora olha só para o passado, fica nesse estado de estagnação.

No mesmo livro de Hellinger, ele cita que só se sai da depressão pagando-se um preço, que é o da humildade, ou seja, reconhecendo os pais e enxergando muito além deles. Algumas pessoas rejeitam algo dos pais, colocando-se como superiores ou juízes. Agora, se o filho sente empatia, pode crescer. Se reconhece os pais como maiores em precedência (vieram antes dele), pode também seguir em frente.

Falas sistêmicas e o equilíbrio

As falas sistêmicas da Constelação Familiar, alinhadas com a teoria da Física Quântica do não-lugar, realinham essas relações e então a pessoa pode optar por olhar para a vida. É comum a fala sistêmica que a pessoa direciona ao pai: “Não foi culpa de ninguém. Eu vejo você. Você é resultado de todos os ancestrais que vieram antes de você. Você foi o melhor pai que eu podia ter tido. Está tudo certo. Agora eu olho para a vida. Gratidão por pertencer ao seu sistema familiar. Gratidão pela vida”.

A vida deve ser um bem maior e só a expansão da consciência nos trará esse entendimento. As terapias integrativas estão aí para auxiliar a terapêutica tradicional e unir forçar em direção à vida.

Que todos nós possamos olhar mais para o nosso próximo e, assim, com um olhar amoroso e de empatia, ajudá-lo a novamente seguir com a sua vida. Isso pode acontecer com uma palavra amiga, um aconselhamento, o acompanhamento a um suporte externo, formado por medicina convencional, Medicina Tradicional Chinesa, terapias convencionais, bem como as diversas modalidades de terapia integrativa. O que importa é estender a mão.

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