Você assalta a geladeira na calada da noite?

A síndrome do comer noturno é um quadro que se caracteriza pela grande ingestão de alimentos após às 19h e ao longo da noite, durante o sono, sendo a maior parte da alimentação da pessoa: cerca de 25 a 50% do total das refeições do dia. Segundo Flávia Teixeira, psicóloga, mestre em Saúde Coletiva pela UFRJ e especialista em Transtornos Alimentares pela USP, o fato de a pessoa não conseguir ter o controle sobre comer ou não, traz um grande sofrimento, sendo esse um dos critérios que denotam um transtorno alimentar.

“A preocupação do indivíduo está em não se conter diante da vontade de comer, gerando sentimento de impotência e incapacidade. Não existe a preocupação com o corpo e o ganho de peso. Diferente da compulsão alimentar, não há culpa ou vergonha após comer, e a pessoa tem plena consciência do que está fazendo. Alguns relatos indicam que é possível o indivíduo se levantar até seis vezes durante o sono. Mesmo sem estar com fome, há o despertar e a necessidade de buscar alimento”, conta a psicóloga.

Esse transtorno já vem sendo estudado há bastante tempo, mas ainda não se tem uma descrição exata do que desencadeia os despertares com busca por alimentos. Estudos apontam alguns distúrbios nos modeladores de sono e de fome, como sendo uma das possíveis causas, uma vez que seus níveis estejam reduzidos, levando à necessidade de comer acompanhada de vários despertares noturnos.

Consequências e tratamento

Segundo Flávia Teixeira, caso a pessoa acorde para buscar algum alimento, mas não encontre algo que a satisfaça, é capaz que ela não consiga voltar a dormir. “Acordar várias vezes à noite para comer, interrompendo o ritmo do sono, pode gerar insônia constante, sensação de cansaço no dia seguinte, falta de apetite matinal e um desajuste na alimentação ao longo do dia”.

A psicoterapia e o acompanhamento de um nutricionista podem contribuir, mas, por ser um desajuste neuroquímico, a indicação medicamentosa é a maior ajuda que a pessoa pode ter para conter seus impulsos. De acordo com a psicóloga, na maioria dos casos, a resposta é positiva, e a pessoa passa a não ter mais o transtorno do comer noturno.

“Não espere muito para buscar ajuda e nem tente controlar esses impulsos sozinho. Por ser um desajuste químico, não é possível conseguir sem auxílio médico. As tentativas só irão trazer frustração e aumentarão seu sentimento de impotência e incapacidade”, aconselha Flávia Teixeira.

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