Consumo excessivo de álcool aumenta risco para câncer de cabeça e pescoço
A campanha Julho Verde é destinada a conscientização para o câncer de cabeça e pescoço (CCP), denominação genérica para tumores que atingem regiões como boca, língua, gengivas, bochechas, amígdalas, faringe, laringe e seios paranasais. Em geral esse câncer está associado ao tabagismo, mas 50% dos casos de câncer diagnosticados nesta categoria estão relacionados ao consumo excessivo de bebidas alcoólicas, segundo estudo do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP). Nos casos específicos para o tumor maligno na cavidade oral, o número sobe para 70%.
Os dados são alarmantes especialmente levando em conta o momento de isolamento social, em que índices de mercado apontam que o consumo de álcool aumentou durante a pandemia da COVID-19. Um levantamento mostrou um crescimento de 94% nas vendas de bebidas alcoólicas online entre final de fevereiro e maio, em comparação com o mesmo período o ano passado¹. Outros dados apontam ainda um aumento na venda de bebidas alcoólicas de 38% nas distribuidoras, 27% nas lojas de conveniência e 26% nos serviços de entrega em domicílio, em Minas Gerais4. Desde maio aumentaram também o número de encontros dos Alcoólicos Anônimos no Brasil, segundo a entidade, levando a um total de 2.900 reuniões, com 17,9 mil participantes.
Outro número que chama atenção é de que seis em cada dez dos pacientes com CCP atendidos no ICESP são diagnosticados em estágio avançado da doença, diminuindo as chances de sucesso no tratamento para 40%².
“Ações de alerta e informação são essenciais para a mudança desse cenário, uma vez que quando detectada precocemente, a probabilidade de cura pode chegar a 90%”, explica o médico Marco Kulcsar, Chefe de Clinica da Cirurgia de Cabeça e Pescoço do ICESP. “Apesar de estarmos em um período que precisamos manter o isolamento social, é importante monitorarmos o uso de álcool e tabaco, além de ficarmos atentos aos sinais, mantendo o contato com o médico, mesmo que digitalmente, por meio da telemedicina”. O médico ainda complementa que apesar do fumo ser o fator de risco principal para esse tipo de câncer, o álcool também ocasiona a doença e o sinergismo dos dois vícios aumenta em 10 vezes a probabilidade de surgir um tumor maligno.
Os tumores malignos de boca e faringe, em seu início tem poucos sintomas, mas úlceras ou sensação de corpo estranho nessa região e em indivíduos com o vício do fumo e álcool, merecem atenção, principalmente quando persistem por mais de 15 dias, devendo ser submetidos a avaliação médica e/ou odontológica. Nos casos do câncer de laringe (cordas vocais), o sinal mais precoce é a rouquidão que deve ser avaliada por um exame endoscópio da laringe (laringoscopia). Com o avanço da doença, esses tumores apresentam uma piora dos sinais e sintomas e podem aparecer, dores locais, sangramentos e aftas sem melhora espontânea, além de metástases linfonodais (caroços ou ínguas) no pescoço e nos tumores da laringofaringe com a disfagia (dificuldade para engolir).
Tratamento
Os tratamentos terapêuticos para CCP podem incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia-alvo ou uma combinação de tratamentos. A localização do tumor, o estádio da doença, a idade do paciente e o quadro geral de saúde são fatores que contribuem para a escolha do tratamento mais adequado para cada paciente. O mais importante é o tratamento individualizado, considerando as particularidades de cada caso, oferecendo o melhor tratamento disponível para promover a cura com uma boa qualidade de vida.
Fonte: Merck