Esperança para quem tem câncer de pulmão
Novas terapias prometem aumentar expectativa
e qualidade de vida para pacientes com câncer de pulmão
A sociedade médica comemora avanços que combatem a neoplasia com maior taxa de mortalidade no mundo
Novas pesquisas comprovam a eficácia de medicamentos no pós-operatório em cenário metastático, impedindo a reincidência da doença em quase 80% pacientes. Outra grande descoberta é a associação da imunoterapia à quimioterapia, um tratamento que traz substancial aumento da sobrevida. As novidades foram apresentadas no Congresso Americano de Oncologia Clínica (ASCO) realizado no mês de maio, pela primeira vez de forma virtual.
Sobre esses feitos, consultamos o Dr. Bruno Batista, médico oncologista do Centro de Oncologia do Paraná que comenta de que forma as descobertas contribuem para o tratamento do câncer de pulmão. Esse é o tipo de neoplasia com a maior taxa de mortalidade em todo mundo, alcançando uma média anual de 1.76 milhões de mortes.
Para o médico, “todos os avanços e novas terapias são muito comemoradas”, mas ele destaca o estudo da ADAURA que apresenta o uso da osimertinib, uma medicação já conhecida e utilizada em pacientes com metástase, mas que ganha impacto no cenário pós-cirúrgico. “Para as pessoas com câncer de pulmão com mutação específica (EGFR), a adição de osimertinib diminuiu a chance da doença voltar em 79%. Com isso esperamos que mais pacientes com câncer de pulmão possam se curar após a cirurgia”, explicou. Apenas cerca de 10% dos pacientes com câncer de pulmão tem essa mutação.
Outro avanço no tratamento de câncer de pulmão diz respeito às imunoterapias, que também já vinham sendo aplicadas, porém agora apresentam um resultado de resposta mais satisfatório com a indicação mais assertiva de medicamentos. O uso de nivolumab e ipilimumab associadas com quimioterapia aumenta a sobrevida de pacientes com doença metastática.
Ainda sobre a associação das duas terapias, um estudo KEYNOTE-604 apontou sucesso na combinação de pembrolizumab (imunoterapia) à quimioterapia para câncer de pulmão de pequenas células, os casos mais graves, diminuindo a chance de a doença progredir.
Sobre o uso da imunoterapia, o Dr. Bruno Batista explica: “Usa-se principalmente quando queremos diminuir o tamanho do tumor de maneira bem rápida, pois está comprimindo outro órgão ou algo parecido, mas é necessário ter alterações no tumor que permitam isso. Caso o tumor tenha poucos marcadores imunes (PD-L1), a melhor escolha é imunoterapia associada à quimioterapia”.
De maneira promissora, a ASCO 2020 ainda mostrou estudos com novos alvos de tratamento. Imunoterapias como anti-TIGIT e LAG-3 podem aumentar a resposta a imunoterapia em variados cenários. Outros medicamentos para mutações como RET, RAS e MET também foram abordados por vários resumos, com resultados empolgantes.
O estudo ARROW, por exemplo, testou a medicação pralsetinibe para mutações RET. 65% dos pacientes testados tiveram uma resposta rápida quanto à diminuição do tumor, registrando uma redução de até 95% a 100% na proporção do cancro, o que significa que para certa parcela o tumor desapareceu. A taxa de controle da doença (doença estável e respondedores) foi de 93%.
“Todas essas novas medicações precisam de mais dados para incorporação na prática clínica, mas o futuro promete”, declarou otimista o médico.
Entre as vantagens do tratamento com imunoterapia, o oncologista explica que a imunoterapia é muito melhor tolerada que a quimioterapia, aumentando a qualidade de vida. O impacto disso é não perder cabelo, não ter fraqueza, não vomitar, etc. Mas pondera: em uma pequena porcentagem dos pacientes podem ocorrer efeitos colaterais próprios da imunoterapia, por isso um acompanhamento médico próximo e bastante atento é essencial.
Causas do câncer de pulmão
O câncer de pulmão tem como principal causa o tabagismo, porém outros fatores podem contribuir com a formação do cancro. Pessoas que nunca fumaram não estão livres de sofrerem com a doença. Isso porque o fumo passivo, ou seja, conviver com a fumaça do cigarro de outra pessoa, também pode prejudicar a saúde, bem como a poluição do ar, especialmente pela emissão causada por motores a diesel, e a exposição a produtos químicos como o amianto. Além das causas externas, ainda são consideradas alterações genéticas hereditárias ou adquiridas.