Postura corporal influencia articulação da mandíbula

Disfunções na articulação temporomandibular também podem estar relacionadas à fibromialgia

A articulação temporomandibular, conhecida também como ATM, fica localizada na junção da mandíbula com o osso temporal e está ligada aos movimentos da boca, sejam eles funcionais ou disfuncionais. Esta articulação ´- tida como a mais complexa das 230 articulações de nosso corpor – pode sofrer algumas disfunções que prejudicam o seu correto funcionamento e que envolvem não só os dentes em sua articulação (a oclusão dentária) como também os músculos mastigatórios e os temporais (nas têmporas). “O bruxismo, alterações neuromusculares e deslocamentos do disco articular (o ‘menisco’) da ATM estão entre os problemas mais comuns”, aponta Gerson Köhler, especialista em ortodontia e ortopedia facial que atua na equipe interdisciplinar da Köhler Ortofacial.

A ATM é responsável pela oclusão – ou fechamento – da boca e é considerada uma das articulações mais complexas do organismo. Ela pode fazer movimentos para frente, para os lados, para trás e também a movimentação tipo dobradiça, nome dado a ação de abrir e fechar a boca. “Dentro da articulaçãotemporomandibular existe um menisco (aqui chamado de ‘disco articular’), uma espécie de cartilagem que tem como função minimizar o impacto dos movimentos e melhorar o encaixe entre as faces articulares”, explica o especialista, professor convidado da pós-graduação da UFPR desde 1988.

As disfunções da ATM podem surgir quando há alterações posicionais nos dentes ou nos discos da articulação, problemas psicológicos – ansiedade, tensão e nervosismo, entre outros – que levam o indivíduo a ter hábitos parafuncionais, como roer as unhas, apertamentos inadequados, mastigação incorreta, ansiedade e estresse. “Traumas causados por acidentes de trânsito ou batidas na região do queixo e má posição do corpo, como por exemplo ficar com a mão apoiada no queixo enquanto realiza alguma atividade, também podem causar problemas nesta complexa articulação craniofacial”, afirma Juarez Köhler, ortodontista e ortopedista facial que compõe a equipe clínica da Köhler Ortofacial.

Entre os sintomas das alterações na articulação temporomandibular estão ruídos ou estalos ao movimentar a boca, dores na região e próximo aos ouvidos, travamentos da mandíbula, cansaço no rosto, dores de cabeça, redução da abertura da boca, tonturas e zumbido. “Devido a sua posição (próxima aos ouvidos) a dor e os desconfortos podem se irradiar para a cabeça, pescoço, ombros e – inclusive – braços. A sensação dolorosa normalmente está relacionada com o envolvimento da musculatura e sinaliza a necessidade de procurar ajuda de um especialista”, observa Juarez.

As dores nas ATMs também podem estar relacionadas à fibromialgia. Dados apontam que 20% dos pacientes que tem problemas nas ATMs sofrem com fibromialgia e um terço das pessoas que apresentam este distúrbio tem dores nas ATMs. “A fibromialgia é uma síndrome caracterizada por uma condição dolosa e crônica e engloba diferentes manifestações clínicas, como dor, indisposição, distúrbios do sono e fadiga. Esta síndrome é considerada uma forma de reumatismo, pois envolve músculos, ligamentos e tendões, ligada à percepção do estímulo doloroso pelo indivíduo”, esclarece o professor Gerson.

A postura do corpo também está relacionada com as disfunções na articulação temporomandibular. As ATMs representam a ligação da mandíbula com a base do crânio, que possui conexões musculares e de ligamentos com a região cervical (do pescoço). “Os músculos da cabeça, a região cervical e o sistema estomatognático, o qual inclui a maxila, mandíbula, arcadas dentárias, neuromusculatura, ATMs e tecidos moles, possuem uma íntima relação entre si. Por isso alterações na postura da cabeça e do corpo interferem de maneira negativa no funcionamento das ATMs”, evidencia Juarez.

O tratamento para as disfunções das ATMs pode incluir o uso de dispositivos intra-orais – espécie de placa utilizada na boca somente à noite -, reeducação postural, tratamento normalizador ortodôntico e até o uso de relaxantes musculares, analgésicos e anti-inflamatórios, sempre com prescrição médica. “É fundamental que o tratamento seja feito por equipes multidisciplinares, as quais devem ser compostas por ortopedistas, ortodontistas, especialistas em ATM e dores faciais e – inclusive – fisioterapeutas, entre outros. A troca de conhecimento entre os profissionais médicos citados e a realização de técnicas associadas propiciam resultados mais efetivos, caracterizando o que se denomina de ‘interdisciplinaridade terapêutica”, acrescenta Gerson.

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