Quando o santo não bate: Disse o ateu do mundo corporativo

por Suellen Alves

Quando o santo não bate

Disse o ateu do mundo corporativo

 

Que a vida em sociedade é uma selva, não é novidade para ninguém, tampouco que somos excludentes e pouco acolhedores, mas dessa vez irei abordar o hostil mundo corporativo na grande Capital do “não fale com estranhos” Curitiba! Sendo que essa é minha – única e exclusiva- percepção. 

Após 10 anos trabalhando como PJ, o famoso freelancer, voltei ao mundo mágico da CLT (insira risos) e entendendo as dinâmicas, me recordei porque fiquei tanto tempo fora do mercado tradicional. 

Fato que no decorrer do período, meu corpo bem que tá feliz em ter rotina, café e almoço em horários pré-determinados, a possibilidade de dormir 7h por noite sem grandes surpresas, não é de todo mal quando devagarinho a idade vai chegando, manter o cortisol baixo me parece um grande privilégio, sempre que possível.

Porém, em contrapartida lidar com gente com pouco ou nenhuma afinidade, diariamente, é um verdadeiro big brother, falando nele, televisiona a “firma” pra tu vê senão é babado, gritaria e confusão. 

Socializados para a disputa e pouco para a colaboração- “farinha pouca, meu pirão primeiro” já diz minha mãe, somos péssimos em ser colaborativos, porém dizem as boas línguas que nem sempre foi assim. 

Ainda existem resquícios nos povos originários, por exemplo, onde ainda os hábitos giram em torno do compartir, da comunhão. Ainda existem pessoas solidárias que não são egoístas e individualistas, infelizmente talvez eu nem fale por mim mais, tô entrando no time dos “sem carisma”. 

Depois que o neoliberalismo pentecostal disse repetidamente que “não pode dar o peixe, tem que ensinar a pescar,” ao invés de dividir o peixe com quem não teve um bom dia de pesca, alguns preferiram quebrar a varinha na cabeça da galera, mas individualizar um problema coletivo e estrutural é muito mais fácil né mesmo

__O que esse pescador de merda tem feito pra merecer o peixe?

Bora de ad infinitum ala a meritocracia (de c* é rol*, vocês que me leem em outros momentos sabem minha opinião a respeito) para privilegiado ver. VA GA BUN DOS!!! VI TI MIS TAS!!! Bradam os egocêntricos e rancorosos. Aquela história, o opressor não seria tão bom, senão tivesse cúmplices entre os oprimidos. 

Pouco concordo com as dinâmicas do capitalismo e tenho completa ciência que a necessidade nos impõe a escolhas pouco emocionais e falar o contrário disso é papo de coach ou de gente privilegiada ou “esforçada”, que se enche de orgulho no peito tal qual um pombo guerreiro e caga na cabeça do restante- porque assim como ele- conseguir alcançar o mínimo de dignidade.

Embora viver a ilusão de que temos escolhas é confortável e que existe um propósito maior do que nascer, trabalhar, trabalhar, trabalhar e morrer é fundamental para levantar da cama, meu ascendente em capricórnio – assim como a ilusão, um pouco de mística não faz mal a ninguém- me diz que preciso racionalizar absolutamente tudo, caso contrário, não estou no controle e eu gosto de me iludir que tem um tanto de escolhas minhas, apesar de tantas opções ruins, é um abraço para as minhas frustrações.

Iludida!

Sinto preguiça, muita preguiça, tenho comigo que se deve tratar a todos da forma mais gentil possível, afinal tá todo mundo enfrentando suas próprias guerras internas. Aprendi observando meus pais sobre generosidade e com a vida aprendi que gente otária não merece nem atenção, quem dirá gentileza. Não dá pra ser gente boa o tempo todo, sabemos, você sempre vai ser o vilão/vilã na história de alguém e não dá pra ser compreensível ao ponto de tolerar o intolerável.

 

Atualmente tenho tacado fogo no meu papel de trouxa ou  vãosifudêpralá.jpeg! Sem tempo irmão, pra quem quer zoar meus paranauê. Paciência nunca foi meu forte, sigo trabalhando nisso!

 

Quando eu penso que a gente deveria tá colhendo frutinha e dormindo depois do almoço, entendo como chegamos até aqui, nesse ambiente hostil, onde um devora o outro e entra numa competição desenfreada a troco de absolutamente nada. 

Egos inflados e infantis, somos todos uns bobos defendendo ferozmente a grana do patrão, pensando salvar a si mesmo. E desesperados que sem patrão não há emprego, sendo que sem mão de obra barata, não há super ricos, quem dirá patrão, curioso que em pleno 2024 isso ainda não tenha feito sentido na cabeça dos explorados. A correria é tanta que parece não ter mais opções, talvez não tenha mesmo.

Pensar não é pra todo mundo, a maioria só existe e repete.

“Trabalhadores do mundo, uni-vos” era a ideia, virou trabalhadores, “separem-vos” e protejam os bilionários e as grandes corporações. Essas pobres coitadas que fazem fortuna explorando você.

Talvez a vida seja isso, sentar-se no meio fio esperando o próximo busão entupido de gente e achando normal ter crise de ansiedade, burnout e um mundo o qual a renda se concentra na mão de 1% da população. Se eu me esforçar bastante… É cada ideia que cês compram heim? Sinceramente!

 

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Às vezes eu penso que ainda bem que certos santos não batem, senão o mundo corporativo seria bem mais violento, prefiro a guerra fria que julga os incompetentes sem esmiuçar uma palavra. Tô sem energia, tô devagar até pra escolher minhas batalhas, cansada né Brasil, quando teu dia começa às 6h e acaba as 23h e você ouve papinho de meritocracia, você pensa: Que grandessíssimo fdp e responde: Entendo!… E segue a vida, pois os boletos, ao contrário da maioria do proletariado, vencem!

 

 

 

 

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