Infância nas redes sociais: os riscos da superexposição para o desenvolvimento emocional
Entenda como transformar momentos familiares em conteúdo digital pode impactar a autoestima e a saúde mental das crianças
Com 83% das crianças e adolescentes brasileiros presentes nas redes sociais, a superexposição infantil tornou-se uma preocupação crescente entre especialistas e famílias. Dados da assessoria de imprensa da psicanalista Camila Camaratta, referência no tema, revelam os impactos psíquicos dessa prática, que vai muito além da simples divulgação de fotos e vídeos.
Antes mesmo de nascer, muitas crianças já têm suas imagens compartilhadas online, como no caso de ultrassons decorados e postados nas redes. Embora esse gesto seja, muitas vezes, uma expressão de afeto, ele pode interferir diretamente na construção da identidade e autoestima dos pequenos. Camila explica que, quando a criança é exposta sem mediação, ela se torna objeto do olhar externo antes de se reconhecer internamente, o que pode gerar confusão emocional e dificultar o desenvolvimento saudável do senso de si.
Esse fenômeno, conhecido como sharenting, traduz o hábito dos pais de compartilhar a rotina dos filhos nas redes sociais, buscando também validação externa. A psicanalista alerta que, ao transformar a criança em uma “vitrine” ou “performance”, corre-se o risco de reduzir o sujeito em desenvolvimento a um objeto do desejo alheio, comprometendo sua autonomia emocional.
Além do impacto na construção da identidade, a superexposição pode acarretar consequências práticas preocupantes. Pesquisas recentes indicam que 13,2% dos adolescentes brasileiros já sofreram cyberbullying, com índices ainda maiores entre meninas e jovens sem supervisão digital. Plataformas como Instagram e TikTok apresentam altos índices de abuso e humilhação pública, afetando diretamente a autoestima, o sono e o rendimento escolar desses jovens.
Outro ponto importante destacado por Camila é a influência do conteúdo consumido pelas crianças. Vídeos e comentários agressivos em canais infantis no YouTube, por exemplo, contribuem para o fenômeno chamado brainrot — um esgotamento mental causado pela exposição contínua e desordenada a estímulos digitais. Esse cenário prejudica a capacidade da criança de criar um espaço interno de reflexão e simbolização, essenciais para o amadurecimento emocional.
A psicanalista reforça a importância do “direito à vulnerabilidade” da criança, ou seja, a possibilidade de viver sua infância com privacidade, imperfeições e sem a pressão de performar para um público. Ela destaca que o diálogo e o consentimento da criança sobre o que é compartilhado são fundamentais para respeitar sua subjetividade.
Por fim, Camila Camaratta enfatiza que proteger a infância nas redes sociais não significa impedir a presença digital, mas garantir que a criança exista primeiro como sujeito e não como imagem. É papel dos adultos criar ambientes seguros, que permitam erros, brincadeiras e emoções sem exposição indevida, preservando o espaço necessário para que a criança floresça emocionalmente.
Para saber mais sobre o tema, acesse o site da psicanalista Camila Camaratta: www.camilacamaratta.com.br.